Fechando ciclos, encerrando histórias e permitindo que o tempo faça o trabalho dele, seguimos para mais um ano. Olhando para trás, percebemos que a música nem sempre foi constante, mas aprendemos a dançar conforme o ritmo, acelerando um pouco mais durante os acordes complexos e fluindo suavemente quando a música permitia.

Nem todo movimento foi perfeito. Alguns tons graves também fizeram parte da melodia, e a gente correu o risco de chorar um pouquinho enquanto a música fluía.

Este ano, o marido de uma grande amiga ficou doente. Ela estava triste, desanimada, sem forças. Em certo momento me disse: “não estou conseguindo rezar por ele”. Não era falta de vontade, e sim falta de esperança. Então me deparei com uma frase atribuída à Santa Terezinha: “Pensar em alguém que se ama é uma forma de orar por ela”. E disse isso à minha amiga. Que ela pensasse nele com amor. Que ela carregasse ele em seu pensamento. E assim estaria orando por ele.

Junto me veio à lembrança outra frase, do filme “Comer, rezar, amar”. Em certo momento, um dos personagens diz à Liz: “Mande luz e amor toda vez que pensar nele. Depois esqueça”. A frase me fez lembrar as pessoas que amamos e por alguma razão não estão mais ao nosso lado. Talvez seja hora de orarmos por elas. Talvez seja hora de mandarmos luz e amor a cada pensamento que tivermos acerca delas.

Nem sempre é fácil assimilar o fim de uma relação. Ficamos dependentes, com saudade, com muita vontade de ligar, encontrar, mandar uma mensagem. Temos que lidar com a impossibilidade e com a imperfeição. Talvez seja hora de transformar nosso pensamento e vontade em oração. Hora de mandar energias positivas a essa pessoa e enfim colocarmos a cabeça no travesseiro e dormir.

Por mais que doa, transforme o pensamento em luz. Por mais que sinta falta, transforme a saudade em oração. Por mais que tenha descosturado as coisas dentro de você, transforme a dor em amor.

O fim do ano nos permite reavaliar a rota e nossos passos com clareza. Permite que ao encerrarmos um calendário e começarmos outro, encerremos também muitas coisas dentro de nós.

Que possamos deixar para trás o que torna nossa bagagem mais pesada: as mágoas, decepções, saudades vazias e dores de um tempo que se extinguiu. Que toda dúvida seja dissipada e toda angústia seja transformada.

Não espere chegar o dia de ferir quem te feriu, de magoar quem te magoou, de estar por cima enquanto alguém se afunda. Em vez disso, transforme seu pensamento em prece. Envie luz e amor toda vez que pensar nessa pessoa e depois esqueça.

Deixemos morrer o frio da indiferença, o silêncio da ausência, o vazio da descrença. Que o telhado de nossas alegrias nos dê abrigo e nos proteja do que não traz conforto e paz. E que, virando a última folha do nosso calendário, possamos pensar no tempo não só como um período de recompensas, mas também de ajustes, perdão, oração e reconciliação _ com quem fomos e com quem queremos ser…








Nasceu no sul de Minas, onde cresceu e aprendeu a se conhecer através da escrita. Formada em Odontologia, atualmente vive em Campinas com o marido e o filho. Dentista, mãe e também blogueira, divide seu tempo entre trabalhar num Centro de Saúde, andar de skate com Bernardo, tomar vinho com Luiz, bater papo com sua mãe e, entre um café e outro, escrever no blog. Em 2015 publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos os Afetos" e se prepara para novos desafios. O que vem por aí? Descubra favoritando o blog e seguindo nas outras redes sociais.