Por: Emma E. Sánchez

Luisa terminou o ensino médio e estava decidindo para qual universidade iria; é uma garota inteligente, com as melhores notas de sua geração, mas fiquei bastante surpresa ao ouvir os argumentos que teve para tomar uma das decisões mais importantes de sua vida. Ela disse:

“Quero uma faculdade que seja perto de casa para evitar ter de ir e voltar sozinha todos os dias, pois estou realmente com medo, e meu pai não pode me levar até lá nem me buscar”.

“Eu gostaria de fazer Medicina, mas eu teria que atravessar a cidade todo dia carregando um montão de livros; estou pensando em Enfermagem, porque é um pouco mais perto de casa e se eu me casar, seria melhor para mim do que Medicina, pois, abrir um consultório sozinha, nem pensar. Além disso, enfermagem deve ser mais fácil que medicina”.

Arregalei os olhos, não acreditando no que eu estava ouvindo. Uma jovem, nos dias de hoje, limitando-se dessa maneira! Embora seja verdade que a insegurança e violência são problemas terríveis no mundo, isso não pode nos paralisar, e muito menos nos contentar em viver aquém de nossas habilidades e aptidões.

Por trás de sua decisão, há uma explicação.

A Universidade da Colúmbia Britânica descobriu, após anos de pesquisa, o que poderia estar por trás das decisões tomadas por garotas como Luisa.

A pesquisa concluiu que os pais que colaboram com os afazeres domésticos fazem com que suas filhas, no futuro, tendam a escolher com maior liberdade e segurança as suas carreiras, ou seja, consideram em suas escolhas carreiras de todos os tipos, sem qualquer restrição de gênero.

Muito interessante, não é mesmo?

Todos os adultos, de algumas gerações para cá, sobretudo da geração atual, dizem às meninas, “escolha a carreira que desejar“, sem considerar que muitas delas têm uma lista reduzidas de possíveis carreiras por terem sido educadas, inconscientemente, para escolher somente de acordo com seu sexo e não de acordo com suas habilidades pessoais, capacidade e desejos.

Por outro lado, as meninas cujos pais ajudam em casa, lavando, passando, limpando ou cuidando dos bebês; foram criadas, sem perceber, em um ambiente de maior equidade de gênero. Sem dizer uma palavra, o pai lhes mostrou, pelo exemplo, que se o “homem da casa ” podia lavar a louça, elas poderiam fazer o que quisessem no campo do saber.

As crianças pequenas aprendem tudo apenas observando-nos, por isso devemos ter muito cuidado com as mensagens que lhes transmitimos no dia a dia.

Os pais estão preocupados com a educação e o treinamento dos filhos. Muitas vezes fazemos grandes sacrifícios para pagar uma escola, aulas extras, cursos, idiomas, esportes, artes, tudo o que está ao nosso alcance para que, no futuro, possam estar à altura e serem competitivos. Mas, sem perceber, também estamos transmitindo lições que acabam limitando-os.

Portanto, se você é pai ou mãe de crianças pequenas, tenha em mente essas recomendações que, no futuro, darão a seus filhos uma ampla gama de possibilidades para efetuar a escolha de uma carreira ou caminho na vida.

1. Homens: colaborem em casa!

Seja pelo simples ato de ajudar e, mais ainda, por ensinar as crianças a ter pequenas responsabilidades, valorizar as coisas e, acima de tudo, mostrar que homens e mulheres podem fazer e contribuir em pé de igualdade.

2. Promover o desenvolvimento das habilidades de cada filho

Se você percebe um talento ou habilidade em seus filhos, favoreça o seu desenvolvimento, em vez de limitá-lo. Algumas pessoas com talento para o esporte ou para as artes cresceram com muita frustração, pois, quando eram pequenas, foram informadas de que “não daria para sobreviver” fazendo aquilo, ou que aquilo “apenas as distrairia dos verdadeiros estudos”. Não conhecemos o futuro, por isso temos que investir para que eles tenham capacidade para tomar boas decisões e enfrentá-las com toda capacitação que podemos lhes proporcionar.

3. Trabalhar juntos em projetos novos e desafiadores

Juntamente com sua família, proponha-se a fazer algo novo e diferente, talvez até algo que gere algum desconforto, como passar dias no campo, aprender um novo esporte ou frequentar um lugar diferente para comer algo de outra cultura. Tudo isso vai abrir novas possibilidades para os seus filhos, com a segurança de que você está com eles para descobrirem juntos.

4. Ajude as meninas a não pararem de praticar esportes ou atividades físicas

Quando chega a adolescência, 8 de cada 10 meninas ficam incomodadas com seu corpo e param de praticar esportes ou atividades físicas devido à vergonha que sentem. Este é um dos primeiros sinais de que a menina começou a limitar-se no mundo por sua aparência ou rejeição do seu gênero, mas ao mesmo tempo, é um sinal de que ela precisa ser acompanhada e desenvolver a confiança que será decisiva para os próximos anos.

5. Verifique se os filhos ajudam nas tarefas domésticas como parte de suas responsabilidades

Todos os filhos, meninos e meninas, devem fazê-lo. Não há serviço doméstico de homem ou de mulher. A casa é de todos e todos precisam cooperar para o bem comum.

6. Demonstrar gosto e prazer pelo trabalho honesto

Nossa atitude em relação ao trabalho é fundamental para nossos filhos; somente por nos observarem, eles saberão se trabalhar é uma bênção ou uma maldição para nós, se formos honestos ou procurarmos tirar vantagem dos outros. Bondade, serviço e honestidade encontram um campo fértil a ser ensinado e aprendido.

7. Promover a autossuficiência como forma de vida

Vivemos dias muito complexos e sabemos que algumas coisas provavelmente não vão melhorar. Por isso, insistimos constantemente que nossos filhos estudem, trabalhem, façam negócios, economizem e sirvam seus semelhantes.

Ninguém pode dar o que não tem. Nosso trabalho, como pais, é encher sua mente, seu coração e todo o seu ser com o melhor que somos e temos.

Nos dias atuais, as meninas, em particular, devem ser fortalecidas e apoiadas, porque estarão formando famílias e reconstruindo o tecido social de que o mundo precisa.

Para finalizar, deixo uma frase que Brigham Young disse certa vez:

“Educa um homem, e você educará uma família, mas se educar uma mulher, você estará educando gerações”.