Todos nós recorremos a indiretas de vez em quando. Talvez em um momento em que não possamos expressar abertamente nossa opinião ou simplesmente não colocar muita pressão sobre outra pessoa, deixando-lhe uma porta aberta se ela não quiser resolver o problema.

No entanto, quando as indiretas se tornam parte do discurso cotidiano, quando se tornam a estratégia para “enfrentar” conflitos, teremos um grande problema, pois criarão novas dificuldades deixando para trás um rastro de confusão, tensão e desconforto.

Hostilidade indireta leva ao beco sem saída da frustração

As indiretas fazem parte de um jogo de manipulação psicológica, no qual conta mais o que não é dito do que o que é colocado em palavras, o que está oculto do que o que é deixado descoberto. Várias interpretações possíveis gerar confusão levando a pessoa a perguntar: “O que ‘s ele quer dizer?” ‘Você se sentiu magoado / a’ ‘Eu já te disse ou fez algo inapropriado? ‘?.

Esse tipo de comunicação é realmente uma forma de confinamento solitário que deixa a vítima em uma espécie de pântano mental, sugerindo que ele fez algo errado, mas sem especificar exatamente o que. De fato, as indiretas raramente resolvem um problema, mas geram culpa. E quando acompanhados de gestos de desprezo, poses agressivas e / ou silêncios ensurdecedores – algo bastante comum – eles podem se tornar uma forma sutil de abuso psicológico.

As indiretas causam tanto dano que um estudo realizado na Universidade Estadual da Flórida concluiu que a hostilidade indireta pode ser mais destrutiva do que a hostilidade direta quando é necessário resolver problemas e conflitos no casal. A hostilidade direta, entendida como responsabilizar o casal por um problema e exigir que ele mude, pode contribuir para resolver o conflito, porque transmite abertamente uma demanda e incentiva o outro a tomar medidas para satisfazê-lo.

A hostilidade indireta, no entanto, foi prejudicial para todos os casais analisados, porque fez o outro se sentir culpado sem saber exatamente o porquê e sem fornecer um caminho claro para a mudança. A hostilidade e a tensão geradas pelas indiretas são um beco sem saída que aumenta a frustração, fazendo com que outros assumam uma atitude defensiva que acabará desistindo da possibilidade de compreensão.

Os sentimentos que se escondem atrás dos diferentes tipos de indiretas

As indiretas geralmente são a arma preferida de pessoas passivas-agressivas, pessoas que recorrem a insultos velados e culpam o meio ambiente quando as coisas não saem como o esperado. Suas indiretas não são dardos acionados aleatoriamente, mas sim mísseis de controle remoto cheios de hostilidade que geralmente atingem suas vítimas causando sentimento de culpa, frustração e raiva.

1. Achado culpado

Essas indiretas visam controlar e manipular a vítima, geralmente fazendo sexo no sentido de responsabilidade ou gerando culpa. Uma pessoa ressentida por não a convidar para um jantar poderia nos dizer: “Alguém se diverte muito sem mim, certo? “Isso nos fará sentir mal, pedimos desculpas e tentamos compensá-lo por todos os meios possíveis. De fato, esse tipo de sugestão oculta frustração ou decepção, mas, em vez de expressar esses sentimentos de forma assertiva, a pessoa projeta esses estados negativos no outro, para fazê-lo se sentir culpado.

2. Punir a indiferença

Esses tipos de indiretas brincam com o silêncio e a indiferença para criar tensão no ambiente, culpar o outro sem dizer uma palavra ou recorrer apenas a monossílabos. As palavras dão destaque aos fatos: portas batendo, barulhos de placas e olhares retorcidos que denotam grande desconforto e são carregados de despeito, raiva contida e até desprezo. Se suspeitarmos que algo está acontecendo e perguntar “O que há de errado com você?”, tudo o que receberemos será um retumbante “Nada”. Essas indiretas estabelecem um ambiente de frieza emocional que gera uma grande distância psicológica, para que possam se tornar extremamente prejudiciais, fazendo a outra pessoa se sentir sozinha, incompreendida e separada, então elas são a estratégia mais eficaz para agravar problemas.

3. Reivindicação incompleta

Esse tipo de indireta geralmente é uma reivindicação de atenção usada quando a pessoa se sente vulnerável, mas não está disposta a perdoar. A pessoa não diz diretamente o que aconteceu, mas é muito clara sobre seu humor. Solte frases “aleatórias”, que dão pistas de um jogo de detetive, para que todos se perguntem o que aconteceu. Em um grupo de amigos, a pessoa diz: “Eu me sinto muito decepcionada”, mas quando perguntado o que acontece, ele fecha uma banda e não diz outra palavra. Assim, tece acusações no ar, culpando todos e cada um, mas não apontando diretamente para ninguém, desempenhando o papel de vítima, enquanto outros se sentem culpados sem saber muito bem o porquê.

Como se proteger de indiretas em 2 etapas

1. Escolha responder em vez de reagir. O primeiro passo para nos proteger dos danos que os indiretos podem causar é parar nosso primeiro impulso. Nosso cérebro tende a preencher os espaços vazios e, se não tiver informações suficientes, o inventará. Isso pode nos levar a tirar conclusões precipitadas sobre a indireta, conclusões que podem nos deixar com raiva, frustrados ou nos sentirmos culpados. Portanto, não importa quão envenenada a indireta que eles nos deram, precisamos reduzir nossa tendência a elucidar. Devemos ter em mente que não podemos evitar ser alvos dos indiretos, mas podemos nos proteger de sua influência doentia.

2. Exija comunicação clara. O segundo passo para gerenciar uma indireta é exigir comunicação clara e assertiva. Em vez de tirar conclusões precipitadas – o que pode estar errado – se a mensagem não nos parecer clara, é melhor perguntar gentilmente o que exatamente eles estão tentando nos dizer. Nesse caso, enfrentaremos dois cenários: a pessoa pode voltar e subestimar o assunto ou expressar seu desconforto. Se você decidir explicar por que ficou com raiva ou desapontado, é importante que possamos dar um passo adiante e perguntar quais soluções você propõe para o problema. Reclamar pode ser catártico, mas precisamos fazer algo para garantir que a situação que causou o desconforto não ocorra novamente.

Texto originalmente publicado no Ricón de la Psicología, livremente traduzido e adaptado pela equipe da Revista Resiliência Humana.