Diferente do que muitos dizem, não acho errado pensar em amores do passado. É completamente normal e até saudável de certa forma. Acredito ser bom relembrarmos de tempos em tempos as pessoas queridas que cruzaram o nosso caminho e que em algum momento nos trouxeram tantas alegrias e nos fizeram crescer. Para mim, esquecer não é possível e nem uma possibilidade, afinal, todos deixam uma marca que levaremos pelo resto da vida.

Bom, vou contar o que eu sinto quando me perguntam sobre um amor do passado. Na verdade, é bem raro que me façam esse tipo de questionamento, mas quando acontece, costuma ser um momento bom. É um pouco esquisito, porque se já faz muito tempo que o relacionamento terminou e não mantemos contato com a pessoa, às vezes temos até a sensação de que ela nem existe mais.

A verdade é que se o assunto e o nome do indivíduo surgem em uma roda de conversa, é difícil simplesmente não pensar em nada que remeta à história que vivemos juntos. Mas o que eu acho ainda mais esquisito é a forma que esses pensamentos chegam até mim. Ao mesmo tempo que não é com ódio ou amor, também não é com total indiferença. Normalmente, algumas cenas percorrem a minha mente, compilando tudo o que vivemos até o momento em que decidimos trilhar caminhos diferentes.

Quando esses pensamentos finalmente chegam ao fim, eu sorrio. Principalmente porque me lembro mais uma vez do papel que aquele indivíduo e o nosso relacionamento tiveram em minha vida. Quase como se a nossa história tivesse sido um destes filmes de Hollywood em que no final fica tudo bem mesmo que o mocinho e a mocinha não terminem juntos. E fica tudo bem porque a gente já assistiu a história inteira e entendemos que não era para eles ficarem juntos mesmo.

É isso o que eu sinto quando me perguntam de algum amor do meu passado. Em poucos segundos eu me lembro de tudo o que vivemos e sinto paz. Sou dominada por um alívio enorme de saber que vivi coisas intensas com pessoas que admiro, mas que simplesmente eram apenas um pedaço desse filme incrível que é a minha vida.








Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.