A gente até tenta fingir com aquele sorriso amarelo, dizendo que já passou. Que tá tudo bem e que já até esqueceu.

Mas é só ver algo que lembre aquela situação ou pessoa, que a mágoa (até aquela bem escondidinha), aparece na hora. Rápida e voraz como aquela cólica surpresa que te faz dar um pulo na cadeira.

A mágoa vem. E ela vem com fome. Pedindo, suplicando que você a alimente com suas nóias e implicâncias, pois ela precisa de você e seus pensamentos negativos pra que ela viva.

Ela quer viver. E ela adora uma vitimização. É tudo o que ela mais quer. Pra ela é tipo brownie com sorvete. Pizza com muito queijo. Ou batata frita. Ela simplesmente ama quando você se faz de vítima. Aí ela se enche de energia.

E se você pensar em deixar ela de lado, ela vai lá e te cutuca dizendo “ei, seu idiota, você vai deixar isso barato?”.

É… ela é nervosa. E vingativa. Ela é uma mágoa carente, coitada. Precisa da sua atenção pra existir. E quando você a alimenta, com seus pensamentos de ódio, rancor, vingança, ela muito espertinha, se disfarça de autossuficiência e poder, fazendo com que você se encha de segurança em si, achando que está ‘abalando’, que é ‘o tal’, porque afinal de contas você jamais vai deixar aquilo barato. “Ora essas, ninguém me faz mal! Rum!”. E quando você vê, está no meio de uma briga que você mesmo causa em si e não se dá conta.

O perdão tem um poder libertador. Não somente libertar o outro. Mas acima de tudo, libertar a gente mesmo!

Quem já perdoou (de verdade) sabe que é como tirar um elefante das costas. E como é difícil ir longe com um elefante nas costas. Mas é assim que a gente age às vezes.

E ainda nos achamos fortes. “Olhem como eu consigo carregar esse elefante! É duro, mas eu consigo.”.

E nos achamos os heróis, sofredores, mártires merecedores de pena e atenção.

Há aqueles que dizem “não guardo mágoas, guardo nomes”. Esses levam os elefantes identificados com uma plaquinha.
Perdoar é um ato de muita maturidade. E sim, perdoar é uma coisa, deixar pra lá é outra.

E depois daquele verdadeiro perdão (aquele que não mais te deixa ter cólicas de rancor) cabe a VOCÊ decidir manter as pessoas e situações em sua vida ou seguir em frente, mas com os ombros leves.

Finalizo com uma frase que li há um tempo e que resume perfeitamente essa reflexão:

“Perdoe os outros, não porque eles mereçam perdão… Mas porque você merece paz.”