Nossas duas caras

Você também tem duas caras?

Explico melhor: temos duas caras quando se trata de julgar. Com uma, julgamos as outras pessoas e com a outra, a nós mesmos.

Quando, por exemplo, um amigo vai mal em uma prova, o que dizemos?

“Tudo bem, você fez o seu melhor”, “na próxima vez vai se sair melhor”. Também julgamos a aparência de nossos amigos. Muitas vezes os elogiamos de forma genuína, pois realmente apreciamos sua beleza.

Mas e quando nós mesmos realizamos um trabalho, ou mesmo, provamos uma roupa?

Examinamos tudo, em busca de um defeito. Afinal, com certeza tem algum problema ali. Poderíamos ter nos esforçado mais no trabalho. Nosso resultado poderia ter sido muito melhor! Se apenas tivesse se esforçado mais! A roupa?

Apertou aqui e marcou ali – está horrível! Afinal, quem mandou comer aquela sobremesa. Bem feito.

Quando cometemos um erro é como se houvesse uma voz interior julgando severamente: “vê se faz isso certo!”, “Se esforce mais!” “Estude mais” “tenha uma alimentação mais saudável!”.

Essa é a “cara” que usamos para julgar a nós mesmos.

Pode ser que você esteja adotando um padrão extremamente exigente para se julgar e apontar os próprios “defeitos”. E essa voz interior é a cara com a qual nos julgamos. E é difícil ver que ela nos faz mal, pois ela diz que quer apenas o nosso melhor, que quer nos ver evoluir e atingir metas…por isso, as cobranças e julgamentos, entende?

Tudo para o nosso bem… Acontece que existe uma forma muito mais saudável de conquistar os próprios objetivos e se desenvolver.

Faça um exercício e preste atenção aos seus pensamentos. Nós dizemos a nós mesmos muitas coisas que jamais diríamos a algum amigo. E nós queremos ver nossos amigos crescendo e conquistando metas não é?

Acontece que respeitamos muito eles para julga-los de maneira severa. Nós os incentivamos notando tudo de bom que eles fazem, elogiando eles. Porque não fazer o mesmo com a gente mesmo? Porque ao invés de cobrar e julgar, não nos incentivamos podendo perceber o próprio esforço e todas nossas qualidades?

Preste atenção a essa “cara” com a qual você julga a si mesmo. Ela e a suas cobranças podem ajudar a organizar e desempenhar tarefas – têm a sua utilidade. Mas não é por isso que ela tem o direito de ser grosseira e rígida.

Se essa “voz” da sua cabeça se tornasse uma pessoa, provavelmente você não iria querer ser amigo dela não é?

Afinal, ninguém escolhe para si, deliberadamente, uma relação abusiva…








"Por acreditar no potencial das pessoas em evoluir e em se renovar, além de trabalhar como psicóloga clínica, escreve textos sobre auto conhecimento e desenvolvimento pessoal"