Por: Flavia Bataglia

Sair do ambiente de costume, respirar novos ares e nos colocar em diferentes cenários são atitudes que nos trazem alegria, satisfação e também crescimento e realização. É importante mudar algumas rotas, sair do círculo que percorremos diariamente para nos conectar com outras facetas de nós mesmos.

O curioso é que, por mais que a rotina tenha tom de monotonia, que ousemos repetir que mudanças são necessárias, existem alguns lacres que permanecem, acordos que são intransponíveis, que são nossos pactos eternos com a casa que habita em nós.

A casa somos nós…

Meu filho costuma dizer que a casa somos nós, que o lugar, a cidade e o país pouco importam. Já mudamos algumas vezes, por motivos impostos, pelas escolhas que fizemos, para tentar encontrar ou resgatar algo de que precisávamos.

Casa não é o espaço físico, nossos cômodos, portas e janelas, camas e panelas. E sair de casa, não requer a morte ou a perda de tudo que construímos, mas é carregar para outros horizontes o que foi erguido com bases resistentes e que é sustentado com valores únicos, dentro de cada um.

Ninguém abandona o lar que está firme do lado de dentro, não há espaço luxuoso que substitua o conforto da própria morada e não há ambiente sofisticado que valha mais que a simplicidade enraizada por longos anos na casa que carregamos.

Tudo passa: concretos e tijolos, cidades e estradas, etapas e momentos. Fica apenas o que não se desfaz, independentemente do tamanho, da viagem, tampouco da fachada.

Nossa casa é quem nela vive, quem acorda em nossos pensamentos, quem não sai de nossas orações, quem continua, sem esforço e por vontade, apesar da distância e do tempo. Nossa casa são as pessoas que amamos, as histórias que somamos, a vida que juntos criamos. Casa é memória de cheiros, é repouso e calmaria.

É colo e cafuné, é aquele convicto “venha o que vier” que resgata o que de mais concreto possuímos, que sobrevive a tudo, pois será sempre abrigo, amor e fé.