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NEM SEMPRE QUEM CALA, CONSENTE. ÀS VEZES, É CANSAÇO MESMO OU DESISTÊNCIA

Silenciar está mais para desistência do que para concordância. Silenciar pode até mesmo indicar a superficialidade de uma relação.

Muitos pensam que ignorar um problema, não conversar a respeito de um ruído evita o conflito. Nos tornamos vítimas daquilo que não dizemos. Mais do que isso: nos tornamos vítimas daquilo que coagimos o outro a não dizer.

Nem sempre quem cala, consente. Às vezes é cansaço mesmo ou desistência. Às vezes, é por pura descrença numa solução boa para ambas as partes ou uma enorme preguiça de tentar dialogar com quem só sabe falar, mas não consegue ouvir.

Em alguns casos, pode ser sinal de desprezo mesmo. A atitude ou comentário do outro pode soar tão absurdo que não vale a pena conversar a respeito.

O silêncio pode carregar também o germe do medo. Medo de se expressar e discordar e perder aquilo que na verdade nunca tivemos.

Em relações afetivas e profissionais pautadas pela dominação é comum encontrar pessoas se silenciando.

O silêncio, na maioria dos casos, demonstra que a parte dominada não acredita numa real parceria, numa real troca de experiências e saberes.

Chefes autoritários que desconsideram o bem estar dos subalternos e criam um esquema de trabalho bom apenas para eles conquistam uma equipe insatisfeita que na primeira oportunidade abandonará o barco.

Um parceiro afetivo que quer ter sempre a última palavra, minará dia a dia a sua relação. O mesmo vale para amigos e familiares.

Pais que conseguem dialogar com um filho adolescente , por exemplo, ao invés de dar ordens simplesmente sem explicar o porquê delas, sempre serão os primeiros a saber dos problemas do filho. Pessoas egoicas que só se importam com elas mesmas, começam a cair em descrédito.

Silenciar está mais para desistência do que para concordância. Silenciar pode até mesmo indicar a superficialidade de uma relação.

Muitos pensam que ignorar um problema, não conversar a respeito de um ruído evita o conflito. Nos tornamos vítimas daquilo que não dizemos.

Mais do que isso: nos tornamos vítimas daquilo que coagimos o outro a não dizer. Instituições, empresas, chefes, amantes, pais, professores que levantam muros para o diálogo pois não suportam encarar o divergente, exercem, talvez, o mais cruel tipo de tirania: a negação do outro como ser desejante.

Sílvia Marques

Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas. Escritora compulsiva, atriz por vício, professora com alma de estudante. O mundo é o meu palco e minha sala de aula , meu laboratório maluco. Degusto novos conhecimentos e degluto vinhos que me deixam insuportavelmente lúcida. Apaixonada por artes em geral, filosofia , psicanálise e tudo que faz a pele da alma se rasgar. Doutora em Comunicação e Semiótica e autora de 7 livros. Entre eles estão "Como fazer uma tese?" ( Editora Avercamp) , "O cinema da paixão: Cultura espanhola nas telas" e "Sociologia da Educação" ( Editora LTC) indicado ao prêmio Jabuti 2013. Sou alguém que realmente odeia móveis fixos.

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