Sabe aquela história de que para um bom entendedor, meia palavra basta? Com a ausência funciona mais ou menos do mesmo jeito. É difícil aceitar. Mas na quarta ou quinta ocorrência, quando as tentativas de justificar vão ficando cada vez menos verossímeis, a gente começa a perceber que tem um caminho sem volta ali.

Só não está quem não quer estar. Principalmente no mundo conectado de hoje, no qual o outro está ao alcance de um teclado de celular. Não há nada que respalde a falta de comunicação. A não ser o desinteresse em estar presente.

Quem deixa lacunas conta uma história inteira. Na maioria das vezes, não é exatamente a narrativa que gostaríamos de ouvir. Mas é a que vale. E vale mais do que a história contada com palavras para desculpar a omissão, na tentativa vã de explicar o que, por si só, já está mais do que explicado.

Mas acontece que, às vezes, essas palavras chegam tão bonitas e se encaixam tão direitinho na métrica da trilha sonora escolhida, que acalmam o coração. E a gente se apega a essas explanações ocas como quem se agarra a uma boia no mar revolto, fazendo malabarismo para acreditar que aquele vácuo foi um acidente de percurso e que não vai se repetir.

Mas repete. Porque palavra bonita é que nem Band-Aid: esconde a ferida, mas não cura. O tempo também não cura. Ele só promove o afastamento da ausência que arde em carne viva para deixar a cicatriz do que *essa ausência tua me causou.








Oi, tudo bem? Sou jornalista, formada pela Universidade Metodista de São Bernardo. Profissionalmente atuo como articulista e gero conteúdos para fins diversos. Mas textos sobre saúde e comportamento ganham meu coração e minhas madrugadas. É quando converso comigo mesma e, por conseqüência, alcanço outras pessoas, sempre procurando um contraponto, dado luz aos bastidores dos sentimentos numa tentativa pueril de deixar uma mensagem positiva para quem me lê.