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Não planeje vingança, planeje viagens

Assim como a inveja, o desejo de vingança é um dos sentimentos inconfessáveis mais comuns aos seres humanos. Costumamos lidar muito mal com frustrações, decepções e rejeição, o que, muitas vezes, leva-nos a, intimamente, sentir vontade de devolver, na mesma moeda, o mal que nos fizeram, até mesmo armando planos mirabolantes que possam nos trazer alívio. Machucados, só a raiva parece fazer sentido dentro de nós.

É fato que nada daquilo que se faz, pensa ou diz, quando nos momentos de turbulência, parece coerente, pois as emoções fortes então nos cegam e desvirtuam o raciocínio, tolhendo-nos a capacidade de visualizar caminhos novos e soluções plausíveis. A pressa em resolver as coisas, nesse caso, atrapalha também os nossos pensamentos, pois somos imediatistas e queremos tudo para agora, ao passo que o tempo tem seu próprio caminhar e traz clareza no momento certo.

Por mais que saibamos que a raiva é o pior lugar para a tomada de decisões, raramente somos capazes de dar tempo ao tempo e deixar a vida seguir o seu curso. E então vamos gastando cada vez mais energia com quem não mereceria um milésimo de segundo em nossos pensamentos. Canalizamos nossas energias de forma negativa em direção ao que não nos trará nenhuma paz, ao que não retorna, a quem nos desvaloriza enquanto pessoa. Isso é triste demais.

Bom seria se, nos momentos em que alguém nos provoca tristeza sem fim, concentrássemos os nossos esforços em tudo, em qualquer coisa, menos no que diz respeito a quem nos feriu. Deveríamos, nesses momentos, olhar o mundo como se aquela pessoa não mais fizesse parte dele, como se nada mais tivesse nem a sombra dela – mas agimos exatamente de modo contrário. Também deveríamos analisar o que em nós provocou tudo aquilo, assumindo o que nos cabe naquilo tudo.

Por mais que estejamos longe de conseguir agir com clareza quando nos encontramos avassalados pela dor e tomados de orgulho ferido, seremos ainda mais prejudicados, caso teimemos em não aceitar o que acontece e fiquemos focados na vida de quem nos feriu. É preciso sempre preservar a nós mesmos, voltando-nos ao que temos em nós, juntando o que nos restou para nos reerguermos fortalecidos e livres do que deve ficar no passado, no máximo como uma lição de vida. Que fique enterrado o que passou e foi ruim, que fique anulada em nós a pessoa que machucou, pois é ela que então terá de conviver com o que fez e não nós.

Prof. Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

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