O desejo de ser amado parece ser o nosso maior grito coletivo. No entanto, sinceramente, eu acredito que estamos em um momento peculiar do amor. Todos queremos alguém que possa compartilhar momentos e experiências, no entanto, estamos nos transformando em uma geração que não aceita pagar um valor alto para entrar no empreendimento do amor, não pelo menos sem antes visualizar as possibilidades de lucro.

Fico bastante impressionado ao perceber que quando não conseguimos mais enxergar o outro da maneira que imaginamos, vamos logo nos desvinculando e dizendo “não era pra ser…” com uma facilidade surpreendente. Então, a culpa pela falta de importância – e muitas vezes por não querermos enfrentar as dificuldades que aparecem juntos – cai toda no colo do destino.

Penso que este tem sido a grande pedra de tropeço para nosso relacionamentos. Queremos relações em que vamos ganhar atenção, carinho e companhia, mas, ao mesmo tempo, não temos a mesma disposição para agarrar as tristezas alheias, as solidões distintas e assumir as desilusões do outro, muito menos sentir-se parte de alguém afim de ajudar a enfrentar as dificuldades do outro.

As pessoas querem simplesmente utilizar-se do carinho do outro, apropriar-se do seu amor, mas não há interesse em aguentar firme quando o outro precisa deles. Talvez, seja esse o motivo para não encontrarmos mais gente que tem contentamento na vida a dois madura. Estar apaixonado, viver com outro ou ter alguém para beijar, é parte, mas não é todo o amor. Sentir o abraço sincero e receber carinho como resposta a uma demonstração afetuosa qualquer que demos deveria ser o salário que buscamos.

Ser amado sem amar parece loucura. Estamos olhando o tempo inteiro para nosso próprio umbigo e isso está deixando nossos relacionamentos cada vez mais descartáveis. Estamos corremos o risco de tropeçar na vida de muita gente, mas nunca estar envolvido profundamente com esta pessoa.

Veja se não é exatamente assim que estamos vivendo. Estamos nos transformando em pessoas que não estão dispostas a suportar as imperfeições alheias e os problemas que podem surgir quando se escolhe unir-se a alguém. Basta não atingir um dos requisitos – e isso acontece com uma frequência assustadora – e pronto, nos logo vamos dispensando essa pessoa. Resumimos nossos relacionamentos em sexo, uma saidinha de sexta e “eu te amo” via SMS. Parece que não existe sequer a possibilidade de deixar a coisa amadurecer, é preciso eliminar qualquer possibilidade que nos agarre a um outro. Acreditamos que amar é simplesmente ir trocando nossos status do Facebook.

Estamos traindo sem culpa e jogando fora rapidamente a história que construímos com alguém simplesmente para se aventurar em um qualquer novo desejo. Estamos descaradamente fazendo das redes sociais um cardápio diário de novas possibilidades. Onde é que estamos vivendo mesmo?


O amor sempre precisa de manutenção.

O amor tem outra pegada. É um empreendimento que precisa de dedicação de tempo, de esvaziamento de si e de entrega, mas sobretudo de força de vontade. Não podemos querer que ele seja simplesmente uma reunião exata de tudo que desejamos. Em boa parte das vezes, pensamos que somos amados quando nosso ego é prontamente atendido, ou seja, reduzimos a felicidade no amor em satisfação completa de requisitos e vontades. Desejo e satisfação caminham juntos ao amor, mas para realmente o amor encarnar em duas pessoas, acredito que precisa de muito mais que isso. Precisa de consertos custosos e reparos constantes.

Ironicamente, no meio das maiores turbulências é que o verdadeiro amor dá as caras, mas parece que queremos simplesmente um amor blindado por todos os lados e isso tem feito de nós gente doente demais e obcecada por si mesmo.

Acho que precisamos mesmo aprender a reciclar amores, antes mesmo de abandoná-lo em um lixão qualquer. Claro, não é necessário deixar com tudo esteja estragado para tomar providências. Não jogue um amor no lixo, pelo menos não antes de tentar realmente consertá-lo.








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