É uma pena perceber que existem mais casais formados pela conveniência social, pelo “amor” de costume do que pelo amor mesmo. É triste perceber que a maioria das pessoas passa pela vida sem conhecer e sem saborear o amor com A maiúsculo. Ás vezes, não acontece mesmo. Vai se fazer o que? Toca-se a vida e pronto.

O triste mesmo é quando a pessoa deixa o amor passar por medo ou por incapacidade de se adequar a uma situação não tão fácil. O triste é quando a gente deixa este amor especial passar por birra , por preguiça , por descrença na vida , por descrença em nós mesmos , no outro , no amor em si.

Muitas vezes, esperando o momento ideal para viver o amor, deixamos o melhor da vida ir embora sem ao menos nos despedirmos com alguma pompa e circunstância. Inventamos milhares de desculpas para não nos envolvermos completamente , para não mergulharmos de cabeça em relações que poderiam se tornar o nosso amor com A maiúsculo.

Obviamente , é muito simples entender por que as pessoas temem o amor. O amor pode ser muito doloroso. Muito doloroso mesmo. Talvez a rejeição amorosa seja uma das piores dores que existem. E mesmo quando um amor é feliz , relacionar-se exige uma boa dose de desprendimento, o que não está muito em moda ultimamente. Cada vez mais encontramos menos pessoas dispostas a compartilhar e a vivenciar experiências a dois.

Ás vezes, por questões contingenciais, somos obrigados a esperar pelo amor. Sim, somos obrigados a esperar quando quem amamos está com medo. Quando quem amamos precisa pular algum obstáculo interno para chegar até nós.

Mas se tivermos a possibilidade de alcançarmos o amor , não há nada melhor do que saboreá-lo em fartas garfadas , bem quente , pelando, com molho de pimenta por cima. Sim, amor é prato que se come quente. Deixar o amor no forninho é um baita desperdício, é vida jogada fora. Cada semana , cada dia , cada momento que nos privamos da presença da pessoa amada é uma semana , um dia , um momento perdidos.

 








Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas. Escritora compulsiva, atriz por vício, professora com alma de estudante. O mundo é o meu palco e minha sala de aula , meu laboratório maluco. Degusto novos conhecimentos e degluto vinhos que me deixam insuportavelmente lúcida. Apaixonada por artes em geral, filosofia , psicanálise e tudo que faz a pele da alma se rasgar. Doutora em Comunicação e Semiótica e autora de 7 livros. Entre eles estão "Como fazer uma tese?" ( Editora Avercamp) , "O cinema da paixão: Cultura espanhola nas telas" e "Sociologia da Educação" ( Editora LTC) indicado ao prêmio Jabuti 2013. Sou alguém que realmente odeia móveis fixos.