Autores

Não confunda minha calma com aceitação

É perfeitamente possível discordar sem ser agressivo, posicionar-se sem gritaria, incomodar-se sem ficar incomodando todo mundo, ou seja, é possível – inclusive necessário – manter a calma quando somos contrariados, quando tudo sai errado, quando trombamos com o que nos desagrada, em casa, no trabalho, na rua.

Se nos basearmos apenas no que vemos para tirar conclusões, provavelmente nos equivocaremos em relação às pessoas, uma vez que nem sempre o que a aparência transmite corresponde à intensidade real dos sentimentos, do que acontece dentro de cada um. Como se diz, águas serenas não significam profundidade sem turbulência.

Por esse motivo é que as pessoas mais calmas às vezes são tidas como mais maleáveis, mais passíveis de serem convencidas de algo, como se elas sempre aceitassem tudo com resignação, feito ovelhas. Ledo engano, a tranquilidade no comportamento relaciona-se muito mais à maturidade do que à subserviência, porque uma das características de quem se torna adulto deve ser exatamente a capacidade de não elevar a voz, não ser agressivo, não se desequilibrar em momentos de contrariedade.

A calma significa, nesses casos, que a pessoa tem consciência de que esbravejar e ter chiliques, por meio de ofensas e gritos, são atitudes inúteis e que só depõem contra ela mesma. Ninguém precisa mostrar destempero para que percebam sua não aceitação frente a algo com o qual não concorda. Muito pelo contrário, manter o equilíbrio será vital para podermos encontrar saídas e refletir sobre as causas que contribuíram para que as coisas chegassem àquele ponto.

É perfeitamente possível discordar sem ser agressivo, posicionar-se sem gritaria, incomodar-se sem ficar incomodando todo mundo, ou seja, é possível – inclusive necessário – manter a calma quando somos contrariados, quando tudo sai errado, quando trombamos com o que nos desagrada, em casa, no trabalho, na rua. Isso não quer dizer que estejamos aceitando passivamente o que aconteceu, mas sim que iremos primeiro controlar nossas emoções para, então, agir com propriedade.

Portanto, não se deve confundir calma aparente com aceitação e condescendência, enquanto se rotulam as pessoas que não são explosivas como as mais fáceis de serem manipuladas e convencidas de qualquer coisa que seja, pois isso é uma inverdade. Precisamos entender que ainda existe quem tenha se tornado um adulto de fato, quem seja maduro o suficiente para enfrentar as tempestades sem alarde exagerado, sem perturbar a ordem de qualquer recinto. Em vez de nos aproveitarmos dessas pessoas, temos que aprender – e muito – com elas, pois são extremamente necessárias nos momentos de turbulência que virão.

Prof. Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

Recent Posts

“Nostradamus Vivo” revela a previsão para 2026 que mais o assusta — e o motivo preocupa especialistas

Conhecido internacionalmente como o “Nostradamus Vivo”, o brasileiro Athos Salomé voltou a chamar atenção ao…

4 dias ago

Psicólogos revelam 5 estratégias simples para atrair a pessoa que você gosta

É comum procurar dicas para atrair alguém especial, mas nem todas se sustentam na ciência.…

4 dias ago

Natal em duas casas? Veja o plano prático para salvar a ceia e evitar conflitos familiares

Com a chegada do fim de ano, todos aguardam ansiosamente pelo Natal. Contudo, se você…

4 dias ago

Destino reescrito: 5 signos terão mudanças radicais até 31 de dezembro

Há períodos em que a vida muda devagar. E há outros em que tudo se…

5 dias ago

Presentes fora da caixa: 10 ideias criativas para surpreender (e fugir das meias)

Com as festas de fim de ano chegando, sempre vem aquela dúvida “qual presente eu…

5 dias ago

Regra 70-20-10: O método simples para lidar melhor com o estresse das festas

As festas de fim de ano costumam vir acompanhadas de luzes, encontros e celebrações. Mas,…

5 dias ago