Se nossos olhos fossem capazes de enxergar apenas a alma e não o corpo, nossa ideia de beleza seria muito diferente e bem mais próxima à realidade de Deus. Porque uma boa alma é como a fé, não podemos ver, mas sem ela é impossível viver.

As pessoas preconceituosas têm a alma míope. Elas não conseguem ver além da superfície, porque seu coração é incapaz de alcançar a alma do próximo. Esses indivíduos nadam em um rio escuro onde é impossível ver o que está submerso. Por outro lado, as pessoas abertas às diferenças vivem no paraíso de um mar cristalino, onde a beleza do seu interior é enxergada a olhos nus sendo uma grande recompensa à vista desses que conseguem ver lá no fundo a verdadeira beleza da vida.

Da mesma forma é olhar além origem, das crenças, e opções de vida de alguém. Porque cor de pele não determina caráter. Uma pessoa com a tez de ouro não vale absolutamente nada se não tem a alma boa, porque o que reluz é o espírito e não a descendência. Não importa a quantidade de melanina, uma pele pode ser linda e brilhante e abrigar um ser humano maravilhoso, já a maldade não vê cor de pele e, em qualquer raça, pode trazer infelicidade, discórdia e dor à sua vida.

Uma pessoa pode ser a mais devota do mundo, manter os olhos firmes para o céu, mas ser incapaz de olhar o próximo com generosidade. Ter uma crença também não significa bondade. Por isso, aquele que não pensa sobre os mistérios do universo, pode, ainda, ser mais generoso que um professo de qualquer doutrina, porque mais importante que as crenças são as atitudes. Rezar é muito importante, mas fazer o bem é mais ainda, pois é o amor que cura o mundo.

Uma pessoa pode ter seu próprio estilo de vida. Escolher formatar sua família com uma estrutura totalmente diferente da sua. Pode ter uma casa de tijolos, de madeira, e até de barro, mas o que importa é que, lá dentro, exista amor. Porque ser capaz de dar afeto vai além da matéria. Vai além da carne, muito além das roupas que usamos ou da forma como arrumamos o cabelo. Pessoas do bem podem ter a voz fina ou grossa. Porque o que toca nossos corações são as doces palavras que elas são capazes de dizer. Por isso não importa se o cabelo é comprido ou curto. Se são gordas ou magras, ricas ou pobres. Se não podem economizar em bondade, é sinal de que o coração é grande. E é só isso que importa.

Por isso, esse deve ser o critério de escolha para aqueles que deixamos entrar em nossas vidas. Porque o que nos faz bem, o que nos traz alegria não é tom de pele, trejeitos ou religião. O que nos faz verdadeiramente felizes, são as almas boas.

Então, que os míopes de alma coloquem seus óculos no coração e possam ver que o verdadeiro valor de alguém está em sua capacidade de fazer o bem, em ser honesto, ter caráter e empatia com o próximo. É simples e lógico: ser do bem é fazer o bem e nada mais. E que, se houver algum preconceito no mundo, que seja contra o egoísmo, a soberba, contra o racismo e ao ódio às diferenças. Contra as guerras e à injustiça. Contra a morte dos inocentes, contra o mal que perpetua no coração dos fora da lei. Contra tudo aquilo que não faz bem à humanidade. Porque só quando realmente entendermos que o conteúdo da alma é o que realmente importa, finalmente, viveremos em mundo sem fronteiras entre os corações, e, todos nós, finalmente, seremos felizes, alcançando o objetivo da criação do universo.

Então, que o laço seja branco, preto, rosa, azul, arco-íris e até transparente. Se ele for bem-dado, será um laço de amor. E, assim, nada mais importa, nem a aparência das pessoas, nem suas crenças, pois, afeto no mundo é tudo que o criador do universo espera da gente.

Sim, muitos são cegos para enxergar a alma, enquanto Deus é míope para a matéria. É por isso que o corpo de todos, igualmente, virá pó, enquanto nem todas as almas pertencem ao melhor do céu…








"Luciano Cazz é publicitário, ator, roteirista e autor do livro A TEMPESTADE DEPOIS DO ARCO-ÍRIS." Quer adquirir o livro? Clique no link que está aí em cima! E boa leitura!