Por Aline Vallim

Eu não gosto de fins mal definidos, mal interpretados, ou mal esclarecidos. Gosto sempre de deixar destacado com o marca texto mais potente o que me leva a cada decisão tomada. Gosto de esmiuçar também as razões do outro, mesmo sabendo que as justificativas que devem te deixar em paz são apenas as suas. Afinal, não podemos exigir qualquer posicionamento do outro, se esse não vier espontaneamente.

Então, presumo eu em minha inocência, que podemos apenas nos responsabilizar e preocupar com o que somos e como nos comportamos. Nunca com o que diz respeito ao outro. Porque está fora de controle. Se é que alguma coisa está (no controle). Por essa razão, sigo certa de que fui até a última gota de vida, tentei tudo, fiz tudo e aí então, mediante a qualquer negativa persistente, eu sigo em frente. Encerro um capítulo.
Quando eu quero algo, vou até o fundo.

E justamente, dessa vez, por querer demais, desisti. Antes de mergulhar, antes de me jogar e me arriscar. Há sinais, que apenas veem com a vivência, que te ajudam a andar em terrenos incertos. Malícias que se instalam em seu peito e de forma orgânica, te fazem menos cor de rosa, menos purpurina. E um pouco mais cinza, consegue-se ler os sinais. Eu percebi em você, que o nosso erro, não era motivo de constrangimento, percebi que a vontade de vulgarizar a sua palavra para com outras pessoas de repente, era algo falado de forma bem descontraída.

Mais do que deveria. Percebi que dessa vez, não cobrar uma postura de dignidade, de hombridade, poderia ME custar caro.
Quando você permite que ajam com você de um jeito coberto de desfaçatez, pode ser que seja impossível recomeçar. É difícil. É uma linha tênue entre saber deixar as coisas rolarem e cobrar demais, mesmo cedo demais. É por demais, complicado. Muitos erros e equívocos, antes do gol de placa.

Bloqueei da minha vida. Não dei chances. Porque dessa vez, eu estou cansada. Cansada demais. Com os pés, o peito, os olhos cansados. Queria mais uma vez, ter dado todas as chances possíveis. Mas não pude. Eu preciso de paz. Me dei esse direito. Mesmo tendo te querido antes mesmo de te tocar. Mesmo sabendo que teu gosto de hortelã era o melhor do mundo todo. Mesmo assim.

A impulsividade, que vejo em mim é a minha melhor qualidade. Pensei ser fraqueza, pensei ser imaturidade, pensei ser motivo pelo qual o Karma vai escolher em algum momento próximo, zombar de mim. Pensei ser o que me diminuía justamente por me fazer com tanta plenitude, viver em erros. Pensei várias coisas. Mas essa é apenas uma qualidade minha, uma virtude, a minha grande coragem. Que por escolha dessa vez, pela primeira vez, resolvi abdicar.

Eu não sou essa mulher ao seu lado, que chorando vai pedir para você ficar, para não me deixar e vai te manter por perto, sei lá por quais razões.Você vai quando quiser, e vai ficar se assim desejar.
Mas sou aquela que de repente vai faltar com a própria palavra quando o assunto for você. Vou jogar minha palavra ao vento, e não vou me importar nem sequer por um minuto porque vou ter você.

Vou dizer não para mim mesmo, sem ninguém ouvir, e me acharei super forte e certa de meus atos.Porque não resisto, porque quero acima de tudo. Eu nasci pra desejar, pra querer, com fogo e fúria. E se algo me desperta isso, eu vou.

Não quer dizer que eu vá fazer isso sempre, todas as vezes. Me presenteio com o pleno exercício da liberdade que me cabe. E mesmo a palavra sendo tão importante como tenho certeza que é, não me tornarei escravo dela, se pra isso tenho que me distanciar do que realmente quero.

Descobri hoje, aos trinta e poucos anos, que minha então fraqueza é a minha maior força. Descobri em mim, que os erros me fazem viver. Me fazem ter o que contar. E descobri também que não quero para mim, os mesmos erros de sempre. Para sempre.
Então, precisei não querer você. Precisei.