Dirigindo pelo país, Ray (Sam Worthington) e sua esposa (Lily Rabe) param em uma área de descanso na estrada, onde sua filha (Lucy Capri) acaba caindo e quebrando o braço. O pai vai para o check-in da emergência mais próxima, enquanto a esposa leva a filha para fazer uma ressonância magnética. Ray, exausto, adormece no saguão. Quando ele acorda, o pesadelo começa.
É curioso como parece haver uma espécie de má vontade da crítica com originais da Netflix, este ótimo suspense está sendo apedrejado ou simplesmente desprezado.
O caso é que muitos colegas acreditam que ser crítico é buscar sempre a subjetiva perfeição, conceito frágil, o profissional está fadado a cometer muitas injustiças, já que cada obra deve ser avaliada levando em consideração a sua proposta e o gênero que abraça. A competência na execução é fator importante, “Fratura” mantém o espectador tenso, na beira do sofá, e, principalmente, entrega com louvor um sabor residual perturbador, aquele tipo de filme, cada vez mais raro, que não termina nos créditos finais.
O primeiro trabalho do roteirista Alan B. McElroy foi resgatar o assassino Michael Myers em “Halloween 4” (1988), ele traz seu know-how no horror para estabelecer o clima necessário de pesadelo. O diretor Brad Anderson foi responsável por uma das mais instigantes pérolas da década de 2000, “O Operário”, mais lembrado pela atuação impressionante de um esquelético Christian Bale. A junção destes dois talentos garante o clima sombrio que a trama necessita, especialmente em seu terceiro ato. Sam Worthington, em ótimo momento, ajuda a embaralhar a mente do público compondo uma figura vulnerável (alcoólatra em recuperação) e carismática, o homem comum hitchcockiano que se vê envolvido em um mistério que remete à “A Dama Oculta”, clássico da era inicial inglesa do mestre do suspense.
Os próximos parágrafos contém spoilers, recomendo que leiam após a sessão:
Aparentemente a família é feliz, mas basta um olhar atento para perceber que o relacionamento carrega uma bagagem pesada de culpa, Ray ainda tenta se recuperar do trauma de ter perdido sua ex-esposa grávida em um acidente de automóvel. Ele seguiu em frente, mas não há brilho em seus olhos cansados. Um deslize durante uma parada no posto de gasolina, a pequena se afasta do carro, um cão raivoso se aproxima dela, o pai tenta assustar o animal, mas ela perde o equilíbrio e despenca de uma altura considerável, ficando gravemente ferida.
Similar ao que ocorre no recente “Coringa”, o roteiro, deste momento em diante, coloca o espectador na mente de Ray, mostra apenas o que o protagonista enxerga como sua realidade, a entrada no hospital, a luta para conseguir que a menina seja atendida, o pânico se eleva à medida em que sinais são plantados de que há algo de sinistro naquele ambiente. Há sutis pistas deixadas, como a esquisita repetição de alguns funcionários do hospital, só que em funções diferentes, evidenciando em revisão que estamos sendo “guiados” por uma mente fraturada que busca espetacularizar com o pouco que encontra à sua disposição. O fascinante é exatamente ele não ser um narrador confiável.
É nesta constatação tardia que o filme ganha mais pontos, porque superestima a inteligência do público e se mostra ousado, abordando a destruição da sanidade mental de um indivíduo, e, por conseguinte, a perigosa fantasia que é imediatamente ativada como forma de proteção.
Você pode até se assustar com filmes de fantasmas, assassinos mascarados ou casas amaldiçoadas. Mas…
Se você já atendeu um número estranho só para ouvir um robô oferecendo "uma promoção…
Quer fazer aquele homem especial parar tudo o que está fazendo só para pensar em…
Em seu relacionamento, você vem notando sinais de que seu parceiro mudou, mas você não…
Você já se perguntou por que algumas pessoas se afastam de você sem explicação? Às…
Ícone do rock e pioneiro do heavy metal, Ozzy Osbourne faleceu aos 76 anos, deixando…