Todos nós sabemos que o comodismo nunca levou a humanidade a lugar algum (a não ser que você considere a zona de conforto uma evolução…).

Mas antes de mergulhar nesta leitura, convido você a um momento de nostalgia:

Lembra dessa música? Apesar de o grupo 4 Non Blondes não ter ficado muito conhecido, o single What’s Up bombou na década de 1990 e conquista novos ‘ouvidos’ até hoje.

O que eu gostaria de enfatizar são as duas primeiras estrofes da letra:

“Twenty-five years and my life is still
Trying to get up that great big hill of hope
For a destination
I realized quickly when I knew I should
That the world was made up of this brotherhood of man
For whatever that means”

Tradução livre:

“Vinte cinco anos da minha vida e eu ainda estou tentando me levantar para alcançar esperança, um destino. Eu percebi rapidamente que o mundo era feito por essa irmandade masculina… seja lá o que isso signifique“.

Esses versos ajudam a contextualizar o assunto deste texto: os desafios que as mulheres ainda enfrentam no mercado de trabalho em função das expectativas machistas criadas pela sociedade e alimentadas por maridos acomodados.

(Se você não é um marido acomodado, não precisa se doer, tá?)

Mais especificamente, um estudo realizado por alunos da universidade de Harvard revelou que, quando o tema é a ascensão das mulheres no mercado de trabalho, o principal ‘inimigo’ é o marido, ou melhor – o patriarcado.

O objetivo dessa pesquisa era provar que não são os filhos, nem mesmo a decisão de constituir uma família os reais motivos que levam muitas mulheres a perderem destaque profissional ao longo dos anos.

O problema é elas nem sempre poderem contar com um verdadeiro companheiro que entenda suas necessidades, apoie suas conquistas e compartilhe das responsabilidades (e não apenas dê uma ‘mãozinha’ aqui ou acolá).

Das 25 mil pessoas analisadas, 75% dos homens esperavam que suas esposas assumissem – em maior proporção – os cuidados com os filhos, enquanto metade das mulheres previam esse futuro ‘inevitável’.

E tem mais: 70% deles consideram que suas carreiras são mais importantes que as de suas esposas – e o pior: 40% delas concordam!

Mas os maridões-parasitas não são os únicos responsáveis. É o sistema como um todo o mantenedor desses padrões ultrapassados.

“Se for para procurar um culpado, é a própria sociedade. As mulheres se sentem pressionadas não só por seus cônjuges, mas também pelas instituições e empresas. Pressupõe-se que elas se encarregarão mais dos filhos e das obrigações do lar”, diz Pamela Stone, uma das três autoras do estudo e professora de Sociologia no Hunter College (Nova York).

Por outro lado, quando nós, mulheres, procuramos nos conhecer melhor, podemos ampliar nosso olhar para identificarmos parceiros que façam jus ao título “companheiro”.

“Não conheço nenhuma mulher que ocupe um cargo de liderança que não conte com o apoio total do seu cônjuge. Não há exceções”, diz Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, considerada uma das mulheres mais poderosas do mundo.

A própria palavra “cônjuge” tem origem no sânscrito “yuj”, que significa unir. Entretanto, não existe união entre pessoas inseguras, acomodadas aos dogmas sociais antigos e não dispostas a fazer do casamento uma verdadeira parceria; o nome disso é aprisionamento.

É claro que pessoas solteiras e sem filhos teriam – supostamente – mais tempo disponível para focar no trabalho, se assim desejarem – isso vale para ambos os sexos.

A questão aqui é deixar claro tanto para homens quanto para mulheres que se as expectativas de ambos forem menos machistas, vamos nos perguntar menos “What’s going on?” (O que está acontecendo?) e diremos mais “A união faz a força“!

Texto originalmente postado em: https://awebic.com/cultura/empecilho-carreira-mulher/