Para Heráclito de Éfeso, filósofo grego, tudo está em constante transformação. A verdade é dialética, mutável. O mundo é um fluxo permanente. Os nossos sentidos enganam-nos, pois enxergamos as coisas estáveis com uma forma própria e determinada. Porém, nosso pensamento capta a instabilidade e mutabilidade dos seres. Aprender a fechar ciclos é um desafio extremamente ousado e difícil, porém, necessário para a saúde mental.

Fechar ciclos é uma questão de sabedoria; aceitar que nada é para sempre. É preciso voltarmo-nos para dentro do nosso magma e buscar, lá na larva ardente de sentimentos sufocantes, que nossa jornada só pode ser completada se aprendermos a estar bem conosco.

Por vezes, insistimos em relacionamentos fadados ao fracasso, trabalhos que nós encasquetamos em fazer sem ter o mínimo de paixão e feeling, amizades com aquele amigo do melhor amigo, que nada tem a ver conosco, que, aliás, até nos faz mal, para não sermos indelicados.

Qual a finalidade de nos acorrentarmos a situações e pessoas que nos ferem na alma?

Porque eu prefiro mil vezes cem socos de Rocky Balboa no estômago a ser ferida uma única vez no coração. Porque a dor emocional se torna, sim, física, até se manifesta em sintomas psicossomáticos, em forma de pruridos no corpo, zumbidos no ouvido e, em caso de extremo estresse, cegueira provisória, que pode se tornar permanente. São milhares os relatos curiosos, contudo, explicados à luz do estudo profundo da psiqué. Ah, o cérebro, essa caixinha de surpresas enigmática e esplendorosa…

Para promover a limpeza, ligar o botão do restart do nosso cérebro, faz-se necessária a catarse, que, na linguagem da Psicanálise, é provocar em outra pessoa, de forma controlada, o despertar de emoções contidas e omitidas, que precisam ser despertadas e expostas para a liberação de bloqueios emocionais.

Então, como ajudar a si mesmo? Por mais difícil que pareça, já que, após sermos feridos, a vontade que temos é de abraçar o travesseiro e dormir como se não houvesse amanhã, dê o seu esforço máximo e não sucumba à vontade de se isolar do mundo.

A ordem que tem de mandar ao seu cérebro é a canção que a Dory, da animação da Pixar, “Procurando Nemo”, canta enquanto enfrenta, ao lado do novo amigo, o pai do desaparecido peixinho, os perigos do alto-mar, na busca às cegas, tendo como cenário o terreno pantanoso e assustador nunca dantes ousado nem em pensamento em desbravar: “Continue a nadar, continue a nadar.”

Perceberam que a aérea Dory, mesmo tendo as próprias aventuras a decifrar, como redescobrir o caminho de volta para casa, propõe-se a iniciar uma nova aventura, mesmo contra todas as probabilidades? Aí, de forma sutil, está o cerne da questão: manter-se com a mente ocupada.

Mas você, que está altamente ferida e não vê saída para sua dor, vai ler e dizer: “Ai, mas até parece que é assim, fácil, ela nem sabe o que eu estou sentindo!”

Ledo engano, garota. Eu estou escrevendo este texto para você, porque eu fui você um dia e eu ainda estou buscando a minha cura. E lhe digo, sem clichê: só depende mesmo de você.

Se você não tomar a atitude de colocar o seu melhor vestido, aquele batom vermelhão, o perfume que usava para sair com o boy (vai usar, sim!) e ir se encontrar com sua melhor amiga para um papo no meio da semana ou pegar aquele cineminha com você mesma, não vai sair dessa lama em que você mesma ajudou a se afundar. Se você não começar a pesquisar o preço daquele curso em que estava de olho havia um tempão, mas sempre protelava, você não vai fazer lá na frente aquilo em que sente prazer em trabalhar.

Ninguém está dizendo que você vai tomar um fora hoje e daqui a dois dias vai estar linda e maravilhosa; ninguém vai falar para você que é para largar seu emprego hoje e mandar seu chefe às favas, sem nem ao menos ter dado início ao plano B. Miga, sua loka, seja menos foca!

Enxergar o que merecemos. O trabalho dos sonhos é galgado aos poucos. Nem Deus fez o mundo em um dia, que dirá tu, tatu? Não pira, não, florzinha. Ok? Eu estou falando para você exercitar ter menos expectativas. Em todos os setores, porque as coisas, para acontecer, dependem 50% da gente e 50% dos outros.

Não dá para sair por aí igual a terrorista, tocando o terror e forçando as pessoas a fazerem o que desejam. Todos temos o direito a escolhas, portanto, não espere nem mais nem menos. Não se iluda facilmente. “No pay, no gain.” A vida é um risco? Claro! Você vai quebrar a cara outras vezes? Ô, se vai…

Mas tudo depende da forma como agora, mais centrada emocionalmente, você vai encarar os fatos.

Vá para a aula de pilates, mude o corte de cabelo, faça um trabalho voluntário, saia com os amigos, organize uma festa americana com karaokê com mais frequência, flerte com outros caras na internet, mesmo que só para passar o tempo, matricule-se num curso (pode ser online mesmo), vá para a academia (de ginástica) na pracinha. Dê seu jeito! Só não pode ficar nessa fossa, sem querer fechar ciclos viciosos. É questão de amor-próprio.

É não se iludir mais com galanteios. Você se olha no espelho todos os dias e sabe o quão linda é, por dentro e por fora. A pessoa certa sempre virá, no momento certo. No intervalo, nada de beijar sapos por aí. Seja seletiva, valorize-se. O príncipe dificilmente pode estar na boate, como também pode, mas também não é o que está escrito nos livros… Então, escolha bem, com sabedoria. No tempo certo, ele virá ao seu encontro. A linha vermelha do destino o guiará até você. Sabe por quê? Porque estava escrito.

Seja sempre sua prioridade. Cuide de você e foque aonde quer chegar. Ei, garota, o mundo a espera! Pode acreditar!








Sou jornalista de espírito vintage, que ama compor músicas ,pintar, e escrever sobre assuntos voltados à compreensão das relações humanas e da profundidade da alma. Acredito que as duas maiores forças que possuem o poder de mudar o nosso dia a dia são o Amor e a Empatia. Grata por compartilhar com vocês esta jornada.