Ensinaram-nos desde criança: para cicatrizar uma ferida, basta não mexer. O ensinamento é certeiro. A teimosia em não obedecê-lo também e o motivo é simples: sofrer por amor é bonito. Amor sofrido transforma-se em arte, em música, em literatura e isso, talvez, explique porque tantos prefiram sofrer por amor em vez de buscar a cura.

Muitas vezes, o amor assiste à própria morte, em outras acaba devagar, dilacerando a alma dos envolvidos e, mesmo que ainda haja sentimentos, o relacionamento não deixa possibilidades de continuar. Rubem Alves, em toda a sua sabedoria, comparava o amor à liberdade: “Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar”.

Somos livres, por direito e por vontade. Por isso, não podemos obrigar ninguém a permanecer ao nosso lado (ainda bem). As pessoas são livres para amarem, ficarem ou partirem. O problema está em saber lidar com isso.

Quando um amor acaba, perde-se o rumo: da vida, das coisas, do tempo. Os sentimentos parecem aflorar e a dor da saudade vem para nocautear qualquer vontade de recomeço.

Há tantas formas de um amor morrer. Há quem acredite em predestinação, outros em culpados. Para Carpinejar, por exemplo, o amor nunca morre de morte natural: “Morre porque o matamos ou o deixamos morrer. Morre envenenado pela angústia. Morre enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela desavença. (…) Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra. Decidimos que ele está morto. Facilitamos seu estremecimento.”








A literatura vista por vários ângulos e apresentada de forma bem diferente.