Eu não aprendi a deixar ir. Deixar ir é muito mais que uma dupla de palavrinhas saindo da nossa boca. É uma atitude. E, sério, uma atitude muito difícil.

No primeiro momento, surge a conquista.

Muitas vezes, demoramos dias, meses, para sermos conquistados, mas, outras vezes, somos conquistados em segundos.

Rápido sim.

Mas, para os demorados, os que foram conquistados lentamente, existe uma profundidade da qual o “deixar ir” não consegue ser compreendido.

Não tem lugar para ele!

Um relacionamento de uma vida inteira e uma decisão difícil quando um decide partir, quando decidem que o amor não existe mais, quando tomam uma postura que foge a tudo que você esperou e, dessa forma, a gente não sabe lidar.

Eu não sei deixar ir, você me diz. E eu direi que eu entendo você, que sei o quanto é duro e doloroso, o quanto é massacrante a simples ideia de aceitar que alguém se vá de nossas vidas contra a nossa vontade.

Então, por não aceitarmos a decisão do outro, por não aceitarmos a partida do outro, fechamo-nos numa caverna escura onde, em suas paredes, ficam pintadas de desespero, descontrole e um bocado de “o que vou fazer da minha vida? Eu não sei viver assim!”.

Sem esquecer, claro que antes a gente esperneia, pede para ficar, diz que não quer e ainda ouve do outro: “Isso não depende de você. Já tomei minha decisão” e essa foi para arrebentar!

Parece que a gente perde o ar quando perdemos o controle! A cabeça dói, o coração dispara, o mundo desaba sobre nossa cabeça.

A gente não sabe o que fazer, não nos ensinaram a lidar com a perda, não teve essa matéria na escola e em parte alguma!

Cadê o curso ou o treinamento ou pelo menos um manual de instruções para sabermos lidar com essa emoção toda?

Não tem nada disso.

A gente aprende é na marra, nas inúmeras vezes que somos deixados…

Tudo bem que toda uma cena foi criada para impedir que acontecesse a partida, e adiantou? Você ficou menor que uma ameba de tanto que se humilhou e o que adiantou?

Deixaram-no (a) assim mesmo, não foi? Fecharam a porta e o (a) deixaram sozinha (o) naquele quarto frio, não foi?

E nesse mesmo quarto você resolveu passar seus dias, porque não soube, não aprendeu, não lhe ensinaram a “deixar ir.”

Pois pense comigo: o quanto seria fácil e menos doloroso, com certeza, se simplesmente aceitássemos a decisão do outro, sem a necessidade mórbida de prendê-lo?

Se já tivéssemos em nossa mentalidade a crença sadia que ninguém pertence a ninguém e, se um dia decidirem partir e não ficar mais com você, o que se há de fazer? Foi uma escolha que fugia a todo e qualquer controle seu, não foi? Não havia nada que pudesse ser feito ali a não ser aceitar.

Aceitar, minha amiga, meu amigo. Questionar o porquê é razoável e justo, claro! Mas, depois de tudo ainda insistir, humilhar, implorar para que não o deixem?

O quanto você sabe viver com você? O quanto você sabe estar com você, sem a necessidade de outro humano?

Somos criados acreditando que devemos pertencer a alguém e que alguém precisa nos pertencer.

Que somos donos das pessoas, dos corações e das escolhas de quem está com a gente quando na verdade, não é nada disso!

Eu sou livre para fazer minhas escolhas e você é livre também.

Se quer viver uma vida inteira ao meu lado, que lindo! Se quer viver algum tempo só, maravilha!

A gente vive!

Mas, se quer ir agora, eu o deixo ir, porque meu amor por você é imenso e eu o desejo feliz, no entanto, meu amor por mim é ainda maior e eu também me quero feliz.

Amados, não tem essa de “eu não consigo deixar ir quem eu amei de verdade”, porque quem ama deixa livre, quem ama não tem apego, não tem controle ou domínio. É gente que ama no mais puro, no mais natural, no mais lindo e que, acima de tudo, se ama também.

Deixe ir. Você está aí por você, não está?

Deixe o outro ser feliz com a escolha dele e, você, aceite e siga sua vida e seu caminho. Paz!








Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor e o amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.