Eu tentei encaixar você em posições que nunca foram suas. Clamei ao universo pra que a gente desse certo, mas o máximo que conseguíamos era nos errar. Chorei por você ter se tornado o oposto do cara que eu me apaixonei, e chorei por mim, por ainda acreditar no nosso amor e esperar por um retorno mesmo depois que você decidiu ir embora. Agora você deixou de ser dor, como deixou de ser pra mim o que eu esperava que fosse e que estivesse sendo até hoje, como também deixou de ter um espaço em minha vida, deixou de ser aquele cara tão ”importante” pra mim ao ponto de me fazer achar que sem você meu sorriso não te alcançava. Me alcançar hoje já é o suficiente, meu bem.
Fiquei com aquela sensação de que fui a pista e você o avião que passou por aqui e foi embora sem nem dar a certeza de que voltaria durante um tempo, mas passou. Você perdeu os meus beijos, os meus incansáveis abraços que te acolhiam e os meus dedos que te acariciavam enquanto dormia. E se tem uma lição que você deixou pra mim e que inevitavelmente tive de aprender, é que dar sempre uma nova chance pra alguém que não é capaz de me acolher em nenhuma delas, é como dizer pro tempo pra que ele passe depressa e me deixe pra trás porque não me importo mesmo tendo quase certeza de que no final, eu não vou ficar bem. Chorei por pensar que, mesmo no nosso começo tão incerto, a gente sonhava mais, desejava mais, amava mais. Depois, a gente percebe que o amor não se limita, nem é egoísta. O amor tem que ser fácil, tem que ser transparente, tem que fazer bem, tem que acrescentar.

Te peço que não me ligue mais chamando pra conversar, porque você sempre foi bom de papo e eu sempre perco na conversa pra você, e eu não posso mais continuar perdendo a minha vida com a sua conversa. A vida é curta demais pra continuar tentando agradar um cara que pensa que sabe tudo sobre mim. Reza, e reza bastante pra que não apareça alguém capaz de mexer comigo enquanto cê brinca de não saber o quer. Se tem uma coisa que eu acredito é nas voltas que o mundo dá, sabe? Pode não ser hoje, pode não ser agora, mas um dia, alguém te fará perceber que eu estava aqui o tempo todo, só você não viu. Você vai abrir os olhos num desses domingos e vai perceber o quão bom seria nunca mais os abrir porque eu não vou mais estar ali sorrindo pra você e te dando uns beijos na testa e umas mordidas nos lábios. Você vai a balada na sexta-feira, mas dessa vez vai sentir aquela vontade de desistir de ir porque vai lembrar de mim te ajudando a se vestir, revirando as minhas gavetas e reclamando da falta de roupas novas pra sair contigo. Você vai tropeçar em mim nessas suas corridas matinais, e vai perceber que não adiantou muito correr tanto assim se você sempre foi tão devagar no amor. Você vai me ver com outro em alguma festa por aí, eu vou estar sorrindo e o motivo do meu sorriso não vai ser mais você.

Os dias que já passei sem você só me deram a certeza de que apesar da tua ausência ainda me causar um certo desconforto, tudo passa, e a saudade que às vezes sinto de você, um dia, também chegará ao fim. Pra ser sincera, eu não queria te deixar ir, queria mesmo que você estivesse aqui comigo e que todas as tuas promessas se cumprissem, e que todos as tuas desculpas e principalmente os motivos não se repetissem outras vezes, mas você não é tão capaz assim. Eu queria mesmo era te colocar pra dormir, ver você bem comigo e voltar a sentir aquela saudade que me fazia ter a sensação de que um pedaço de mim me faltava quando chegava o fim do dia e nos separávamos porque mesmo com tanta coisa em comum, nossas rotinas nunca foram tão parecidas. Se eu tivesse mesmo que escolher, escolheria continuar com você, como todas as outras vezes tenho decidido por ficar. Mas acontece que você nunca me enxergou, nem se esforçou o suficiente pra que eu permanecesse. Você sempre achou que eu ficaria mesmo que você continuasse tão longe, eu até aceitei a distância do teu bairro pro meu, mas cansei de aceitar a tua distância de mim. Você está saindo da minha vida e mesmo que isso demore, agora, sentir a ausência ajuda a aceitá-la melhor. Vou lembrar de você como um bom exemplo dos que devo evitar. Vou lembrar dos teus sorrisos só como bons motivos pra viver algo ainda melhor.








Sou recifense, 24 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes, mas amo cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Além de escrever em meu blog pessoal e por aqui, escrevo também no blog da Isabela Freitas, sou colunista do Superela e lancei o meu primeiro livro em Novembro de 2014 pela Editora Penalux. .