Acredito no amor, ainda acredito no amor, por mais que o mundo insista em diminui-lo, ainda acredito no amor entre duas pessoas. Meu jeito de amar envolve tantas delicadezas que fica difícil não movimentar-se pela simplicidade, sabe isso?

Gosto da flor do campo, do café quentinho pela manhã, do pão feito em casa, do cheiro da marcela que afetuosamente compõe o chá antes de dormir. Gosto do abraço sem medo do tempo, sem medo do amanhã – que talvez nem venha.

Me emociona as mãos coladas, os dedos entrelaçados e os olhares conectados. Me faz acreditar na força do amor, e muito, quando você chega em casa aborrecida e posso lhe colocar no colo, em silêncio, em respeito a um dia ruim, desses que acabam com o humor da gente.

Adoro quando posso mudar tudo isso com um misto quente e uma taça de vinho. E, no outro dia, sem sombra de dúvidas, acordo você com esperança, pois é disso que somos feitos e é isso que nos faz continuar, apesar dos pesares. E você diz que não merece tanto, e eu lhe convenço que tanto é muito pouco quando se trata de você.

Você merece tudo de bom que existe em mim.

Quero poder lhe dar o mundo de presente, mas, na verdade, só tenho mesmo alguns poemas para lhe dedicar. Você que diz é o bastante, eu repito que o bastante é pouco pra você, pois você já é o meu mundo. E a gente ri juntas de tudo que já passamos e prometemos lealdade por tudo que ainda iremos passar.

E você respeita meus medos insanos e eu entendo quando você perde a linha, perde o rumo, senta e reclama de tudo, do calor, da vizinha, do preço do feijão. E tudo bem, pois também é disso que somos feitos: contradições, incertezas, pesadelos.

Mas, sabe, de todas as coisas ruins da vida, você sempre dá um jeito de dar a volta por cima e me mostrar que os medos são passageiros, bem como o calor, a chatice da vizinha e até o preço do feijão. E voltamos a rir do mundo que nos enche de voltas e nos coloca no centro de nós mesmas.

Você é o meu centro de equilíbrio, muito embora eu saiba que meu equilíbrio não é de sua responsabilidade. E vice-versa. Porém, ao mesmo tempo, assumimos esse papel porque acreditamos que temos forças para isso, e também acreditamos que o amor é isso.

É como cuidar da sua febre, mesmo que passe a noite em claro ou é como quando você me acalma em um abraço depois do pesadelo. É como lhe abraçar no meio da rua em um surto fofo de amor. É como dançar no meio da sala aquela música brega ou cantar no seu ouvido a música do nosso primeiro beijo.

Eu ainda acredito no amor, mesmo quando quase ninguém faz o mesmo. Ainda creio na paz que um coração é capaz de dar ao outro, na multiplicidade de dois corações, na unificação desses dois corações, na sua coragem em encarar a sociedade preconceituosa – que insiste em ditar as regras.

Para meu coração não há regra, há só vontade de amar. Ao seu lado sinto que o céu canta pra mim, que a lua dança bem na minha frente e que o tempo para só para que eu possa lhe ver dormir. Que nossa sementinha diária seja cuidada e nosso solo fértil regado todos os dias com respeito, paixão, doçura e resiliência. Que sejamos duas partes inteiras de nós mesmas. Que de metade só tenhamos a cama que a gente divide, o chocolate que se compartilha e nada mais.

É, eu ainda acredito no amor.








Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Não estou muito preocupada com meus créditos, eu quero saber mesmo é do que me arrepia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.