Meu propósito de vida não é você, sou eu

Pessoas, relacionamentos, precisam ser um complemento para a nossa vida, não toda ela.

Outro dia, eu estava conversando com um amigo e ele me disse estar procurando o seu propósito dele. Saber por qual motivo veio a este planeta, se tem alguma missão e qual seria, se haveria uma real razão para estar vivendo.

Assim como ele, uma hora, todos nós faremos a mesma pergunta, e nos sentiremos, muitas vezes, inúteis por viver só por nossa conta e nunca, nadinha, em prol do todo, da humanidade, dos cães da minha cidade ou do vizinho, que não me sai da cabeça…

Ops, acabei de me lembrar que tenho um propósito: conquistar aquele cara!

O que eu quero mostrar nesse exemplo engraçadinho de cima é que, muitos de nós, em vez de passarmos pelo processo do propósito geral, ainda estamos perdendo nosso precioso tempo usando outra pessoa como nosso propósito de vida.

Patético, não?

Tudo bem gostar de alguém! Tudo bem! Tudo bem desejar alguém para a sua vida e querer, com muita força, que ela faça parte dela e que acorde todo dia ao seu lado e lhe faça umas panquecas incríveis no café!

Há quem esteja assim, neste momento, fuçando as redes sociais, olhando pela varanda para ver se o carro está na garagem, indo à academia para flertar com o bem e nada mais importa.

Todo o seu dia fica focado no desejo desesperado de ter aquela pessoinha ao seu lado. Nisso, o tempo passa, você deixa a vida ir passando porque está ocupadinha(o) demais sonhando com o príncipe ou a princesa dos seus sonhos. Eu já passei por essa fase de ter uma pessoa como o meu propósito.

Quando alguém se torna o propósito da sua vida, você dá a ela poderes sobre si.

Ela poderá esticar você, jogá-la no chão e passar por cima facilmente de você, que você nem se dará conta de que está sendo idiota.

Muitas, mas muitas (pessoas) mesmo não se importam com gente que a tem como propósito, pelo contrário, esnobam, abusam, desfilam na sua frente, como se lhe dissessem “hahaha, que máximo, nunca pertencerei a você mas, já que me venera, eu gosto”.

Não caia nessa.

Ter alguém como seu propósito é muito para você que tem uma vidona pela frente, com várias coisas por fazer! Já pensou em tudo o que poderia realizar com essa energia, se ela não estivesse toda direcionada a um único cara?

Pessoas, relacionamentos precisam ser um complemento para a nossa vida, não toda ela. Eu já disse isso antes e repito!

Deixe que aquela pessoa de quem você gosta saiba que ela não é seu propósito precioso, que você tem outras coisas para fazer, que a sua vida é mais importante do que tê-la ou não como parte dela! Não é ser egoísta, é apenas ter equilíbrio de tudo.

Não há regras para uma vida perfeita mas, no geral, se eu pudesse desenhar um gráfico ou algo do tipo, eu diria que a nossa pessoa é o centro de tudo e, como se seguisse por linhas que se espalham, eu colocaria família, trabalho, carreira, lazer, espiritualidade, cuidados e relacionamento.

Viu a diferença? O relacionamento é apenas uma das partes da minha vida, não o centro. No centro, estou eu. Está você. Nós.

Quando sabemos que somos o nosso propósito, entendemos que a felicidade é o nosso caminho e, que para tal, preciso estar bem comigo e com o mundo e, só estamos bem com o mundo se fazemos algo por ele.

Entra aí o sentido de estarmos vivos, o que podemos fazer pelo mundo que nos abriga. Soa até bonito, não? Agora, deixar que alguém seja o centro antes de você mesmo é algo que não dá para entender quando desenhamos o gráfico da nossa vida.

Largue logo essa louca obsessão e lembre-se de você, do seu valor, do quanto você é incrível e do quanto ter a própria vida feliz será seu propósito.

Mas vida feliz não significa ser carpete de alguém, ok?

Significa se amar e se valorizar antes de qualquer coisa.








Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor e o amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.