Ela amava sentar pertinho de você e passar um tempão conversando sobre tudo. Às vezes nem era nada tão importante assim, mas ela ficava. Pelo prazer de estar ali. Mas você não achava que isso era importante. Assim como não achava importante lhe dar um presente de aniversário ou comemorar o dia dos namorados. Das flores de antes, ninguém mais teve notícias. Nada de cartão.

Declarações, só as dela, que vagavam sem respostas convincentes.

Ela tinha um jeito de amar ativo, que era verbo. Cheio de adjetivos. E veio você, com seu amor passivo, quase nocivo. E com seu jeito de quem não estava nem aí, não respondeu, não correspondeu, nem abraçou, nem surpreendeu.

Agora ela já não se importa tanto. Nem faz questão de continuar tentando. Declara amor a si mesma e com suas amigas se desfaz da solidão. Do frio se abriga, e já não o sente, nem no tempo, nem na vida.

Não tenciona mais fazer suas vãs investidas. Sabe o que está perdendo, e sinceramente, ela nem acha que é tanto assim. Azar de quem não fez questão, ela pensa.

Ela até continua por perto, ainda dá amostras do seu carinho, mas já não é mais a mesma.

E você, que não a tem mais no todo, porque achava que ela seria eternamente sua, cometeu um terrível engano.

Agora você haverá de entender que nenhuma mulher é conquista perene. É conquista diária, e se vacilar, já era.

E quantos vacilos não foram?! Você vacilou quando a ofendeu e não fez questão de se desculpar. Quando não fez questão de celebrar a nova idade dela, ou não reparou nas novidades do seu visual. Quando se esqueceu de elogiar o quanto ela estava bonita. Quando você não quis ir, ou não quis ficar, ou não quis ser boa companhia.

E se não quis, quisesse. Agora, nem queira nem tente.

Ela se tornou diferente. Suas ausências não são mais tão ruins. Ela cuida de si e do que mais lhe apetece. Não faz mais tanta questão de ter você por perto.

É verdade que ela ainda tem sentimentos por você, mas não são os mesmos de antes.

E se isso lhe interessa, ela não se tornou fria de tudo. Ainda guarda um calorzinho dentro do peito. Pra aquecer os bons momentos que ela planeja ter consigo mesma.








Administradora por profissão, decidiu administrar a própria casa e o cuidado com suas duas filhas, frutos de um casamento feliz. Observadora do comportamento alheio, usa a escrita como forma de expressar as interpretações que faz do mundo à sua volta. Mantém acessa a esperança nas pessoas e em dias melhores, sempre!