Sei que não parece mas vou te contar uma coisa: ela é romântica. Ela é romântica do tipo que chora em filmes e sonha acordada. Ela é romântica a ponto de escrever de poesia a prosa, tudo isso para declarar um sentimento; mesmo que em silêncio. Ela é romântica do tipo que esconde tais fatos porque tudo que ela não quer é parecer ser vulnerável. Mas ela é.

Ela é daquelas que não se encaixa nessa modernidade líquida onde tudo é tão fugaz. Ela acha estranho essa tal de “pegação”. Não que ela seja melhor que ninguém mas o seu beijo não é objeto para ser distribuído em micareta; o seu beijo é confissão. É no seu beijo que está o momento em que ela se entrega, o momento em que ela fecha os olhos para poder expandir o coração.

Ela acha estranho também a facilidade como as pessoas se desfazem umas das outras. Por isso, ela acaba criando armaduras para conseguir sobreviver. Ela tem cara de brava e as pessoas tendem a acreditar que ela realmente seja. Mas dentro dela há fragilidade. A frieza é só disfarce.

Parece bem resolvida e cheia de certezas, mas o seu lado sentimental sempre fala mais alto. E apesar de ter uma rotina quase que totalmente voltada para estudos e trabalho, ela realmente acha que o significado da vida quem dá é o amor. E mesmo com tantas coisas ruins nesse mundo, ela acredita na força desse sentimento. E é por acreditar que ela não desiste e segue firme, cheia de convicção.

Pode parecer paradoxo, mas casamento não é o seu objetivo. Ela não lida muito bem com as questões burocráticas da vida, escolhe viver o sentimento, sem a necessidade de documentá-lo.
Um sentimento que pode ser eterno ou não, desde que seja verdadeiro, desde que a faça sonhar.

Valoriza mais as coisas simples e subjetivas de um relacionamento e entende que a objetividade de um papel passado talvez não seja coisa feita pra uma mente tão aluada como a dela.

Como romântica que é, ela gosta de observar e analisar sentimentos. O que mais a surpreende no amor é a falta de certezas. É não saber quando ele irá acontecer. E isso é o mais assustador também: não saber até onde ele irá nos levar. Ela realmente não sabe se acredita em amores eternos. Mas acredita que o amor transforma e nos impulsiona ao melhor que podemos ser e isso sim se torna eterno em nós.

Ela está aprendendo a não se envergonhar por ser sensível mesmo quando a realidade requer que ela haja cada vez mais de acordo com a razão. Ela é teimosa e nada contra a corrente se for preciso. Sabe e aceita que a sua essência não pode nem deve ser mudada. Ela é romântica mesmo quando o mundo lhe pede o contrário e aposta no amor a ponto de se entregar. Ela sabe que pode ser precipício, mas esconde um segredo: aprendeu a voar.








Sou personagem de uma comédia dramática, de um romance que ainda não aconteceu. Uma desconselheira amorosa, protagonista de desventuras do coração, algumas tristes, outras, engraçadas. Mas todas elas me trouxeram alguma lição. Confesso que a minha vida amorosa não seguiu as histórias dos contos de fada, tampouco os planos de adolescência. Os caminhos foram tortos, íngremes, com muitos altos e baixos e consequentemente com muita emoção. Eu vivo em uma montanha-russa de sentimentos. E creio que é aí que reside o meu entendimento sobre os relacionamentos. Estou em transição: uma jovem se tornando mulher, uma legítima sonhadora se adaptando a um mundo cada vez mais virtual. Sou apenas uma mas poderia ser tantas que posso afirmar que igual a mim no mundo existem muitas e é para elas que escrevo: para as doces mulheres que se tornaram modernas mas que ainda acreditam nas histórias de amor.