Eles nunca serão perfeitos, mas sempre serão nossos filhos, a melhor parte de nós. É assim que o amor se eterniza.

Filhos dão medo. Primeiramente, porque eles não vêm com manual de instrução e não existem regras que possam ser aplicadas em todos os casos. Em segundo lugar, quando somos pais, nós nos tornamos responsáveis por um ser humano, que terá de lidar com o mundo lá fora. E esse mundo não está muito fácil.

A maioria dos casais idealizam a paternidade e a maternidade, pois é assim que conseguem encarar o tanto de responsabilidades que terão pela frente. Caso focassem tão somente naquilo que possa vir a dar errado na criação do filho, poucos casais enfrentariam essa jornada imprevisível e vulnerável de apresentar o mundo a uma pessoa em quem se deposita todo o amor do mundo.

Salvo algumas exceções, não há sentimento mais forte do que aquele que une pais e filhos. Trata-se de uma carga afetiva desmedida, que se desenvolve e se torna mais forte com a passagem do tempo. Filhos são nossos espelhos, nossos remédios, nossos tapas na cara, pois nos levam a refletir constantemente sobre as consequências de nossos atos. Eles são consequências diretas de nossos atos.

Quando somos pais, acabamos por pensar mais antes de agirmos, por analisar com moderação e consciência nosso comportamento, nossa tomada de decisão. Magoar alguém é muito ruim, mas magoar ao próprio filho, decepcionar quem se espelha em nós, quem nos vê como esteio, apoio e segurança, quem amamos com uma força descomunal, dói demais, dói fundo.

Perderemos noites de sono, acordaremos de madrugada para buscá-los, seremos duros, seremos exigentes, doerá por dentro, à espera do telefonema, da mensagem, da porta se abrindo. À espera do exame, das provas, do emprego. Veremos nossos filhos sofrendo por amor, por amizade, mas, na maioria das vezes, nada poderemos fazer, porque somente a experiência e o tempo lhes trarão a compreensão necessária.

Porém, nada disso, nenhuma dor, nenhuma decepção, nenhuma insônia será capaz de nos afastar da alegria e do prazer que sentimos quando vemos nossos filhos partindo para a vida e lutando por aquilo em que acreditam, do jeito deles, assistindo a um tantinho da gente ali dentro daquele ser humano maravilhoso, daquela pessoa que ajudamos a abraçar o mundo com um pouco mais de humanidade. Eles nunca serão perfeitos, mas sempre serão nossos filhos, a melhor parte de nós. É assim que o amor se eterniza.








Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.