Estamos na Quaresma, que é o tempo para sentirmos a presença amorosa de Deus em nossa existência, uma prática na vida dos cristãos desde o século IV.

É uma das datas mais importantes do ano, que constitui o período de preparação para a Páscoa, quando Jesus Cristo ressuscitou depois de ter sido morto e crucificado.

Durante a Quaresma, nós, cristãos, recebemos o desafio para a reflexão espiritual. E o Papa Francisco sugeriu como tema deste ano:

“A ilusão de poder alcançar o sucesso e a felicidade – são as mesmas tentações – que Jesus foi submetido no deserto”.

Essas provações que Jesus foi compelido estão presentes em nosso mundo, em uma forma sedutora e marqueteira, que oferece o êxito imediato.

Porém, com caminhos que são avessos ao modo de agir de Deus, já que as pessoas perdem a dignidade humana, por se corromper em busca da fama a qualquer custo, a fim de conseguir a autoafirmação.

Estamos indo pelo caminho do vazio existencial, em que os sujeitos passam a dar mais importância aos simulacros das representações da realidade.

Tudo disseminado por ideias baseadas em delírios de grandeza, que são fortes crenças de ser mais rico, mais inteligente, mais importante, mais famoso, etc, que “hipervaloriza” a necessidade das pessoas sentirem-se aceitas socialmente.

A estética do sucesso é vendida através de shows ou eventos, que oferecem soluções instantâneas para qualquer situação, seja ela pessoal, profissional, social, familiar ou espiritual.

É um discurso que promete aos indivíduos, que eles irão eliminar seus medos e despertar sua energia interior, chegando ao “ápice” do desenvolvimento humano e material.

É têm cristãos que se deixam ufanar por essas estratégias de sedução, que certifica por escrito que todos serão bem-sucedidos em curto prazo.

E para isso decide-se pela instrumentalização de Deus, como fiador da prosperidade econômica, utilizando o velho bordão: “Deus no comando.”

Isso nos faz lembrar que a palavra Diabo origina-se do grego: “aquele que divide”, ou seja, que tenta com todos os meios separar o homem de Deus.

O ardiloso procurou dividir Jesus, no momento em que ele estava meditando no deserto, lhe ofereceu a glória e a riqueza do mundo. Porém, Cristo disse não a uma vida de falsas aparências!

Esses mecanismos são os inculcamentos simbólicos dos espelhos narcísicos, que transferem a sensação de que os sujeitos serão vencedores de todos os jogos egóicos da vida.

Uma fala que promete resolver “tudo aqui e agora”, porque sabe que muitas pessoas não estão dispostas a buscar psicoterapia, com psicólogos, psicanalistas e psiquiatras, já que os resultados que esses profissionais se propõem não são ilusórios, mas com respostas em médio ou em longo prazo.








Sociólogo e Psicanalista