Recentemente, a especialista em educação íntima, Deanne Carson, virou alvo de críticas após uma declaração polêmica.
Durante uma entrevista à ABC News, Carson afirmou que os responsáveis deveriam pedir permissão ao bebê antes de trocar a fralda — uma ideia que rapidamente viralizou e dividiu opiniões nas redes sociais.
De acordo com a especialista, mesmo que o bebê ainda não fale, é possível buscar sinais de comunicação não verbal, como contato visual, gestos e expressões, para transmitir a ideia de que o consentimento é importante desde cedo.
“É claro que o bebê não vai responder com palavras. Mas, se você faz uma pausa, olha nos olhos dele e espera uma reação, está mostrando que a resposta dele tem valor”, explicou Carson.
O problema da prática na rotina real
A teoria, no entanto, recebeu críticas intensas. Muitos pais e profissionais de saúde consideraram a ideia pouco prática — afinal, ignorar a troca de fraldas até que a criança “consinta” poderia comprometer a higiene e a saúde do bebê.
“Ela claramente nunca trocou um bebê se acha que dá para esperar um ‘sim’. É responsabilidade dos pais manter a higiene, não uma escolha da criança”, comentou um internauta.
“Ensinar consentimento é essencial, mas isso foi longe demais. Bebês dependem dos adultos para tudo, inclusive para cuidados básicos”, comentou outro.
Consentimento x Cooperação
Apesar da polêmica, alguns especialistas acreditam que a ideia pode ser adaptada. Em vez de “esperar permissão”, os pais poderiam explicar o que estão fazendo, pedindo cooperação da criança. Isso ajudaria a:
- Estimular a comunicação desde cedo;
- Ensinar respeito ao corpo;
- Reduzir a resistência em crianças mais velhas durante o processo.
Algumas redes de creches na Austrália, como a Only About Children, chegaram a adotar práticas semelhantes.
Recomendaram que os pais narrassem cada passo durante a troca e incentivassem a criança a participar — seja levantando as pernas, tentando tirar a fralda ou até se limpando sozinha em estágios mais avançados.
Afinal, pedir permissão faz sentido?
Especialistas em desenvolvimento infantil concordam que o ensino de limites corporais é importante. Contudo, a maioria ressalta que a higiene deve vir em primeiro lugar. A recomendação é encontrar equilíbrio:
- Fale com o bebê durante a troca, explicando o que vai fazer;
- Observe reações corporais, respeitando desconfortos quando possível;
- Estimule cooperação, mas sem comprometer a saúde e o bem-estar da criança.
Ou seja, não se trata de esperar um “sim” literal, mas de incluir desde cedo a ideia de que o corpo da criança merece respeito.
E você, acha que pedir “permissão” ao bebê faz sentido ou que isso é apenas uma polêmica sem fundamento?
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