Desculpe se não tenho nada a oferecer a você hoje e quer saber? Não sou obrigada a nada!

Seja você quem for. Porta voz de uma sociedade cheia de regras e normativos. Normativos esses que são exercidos por quem, muitas vezes, exige de todos o que sequer tem a oferecer.

Pois é, muitas vezes eu também não ofereço nada, assim como você. Simplesmente porque não sei lidar com os modelos standard de relacionamento, de vida, de ser.

E por isso mesmo digo e repito! Não sou obrigada. Não sou obrigada a nada.

Não preciso escolher aos dezessete anos a profissão que exercerei durante toda a vida, porque simplesmente não sei se ela será mesmo exercida pela vida toda.

A vida é feita de escolhas e não de sentenças.O mundo muda, a vida muda, tudo está em constante evolução.

Se a vida é feita de escolhas, sabemos que algumas vezes fazemos escolhas erradas. Diante disso, é possível que façamos dessa a pior escolha de nossas vidas, se formos obrigados a isso. E mesmo que a vida não mude tanto assim, não temos como saber o que será definitivo, porque muitas coisas não dependem de nós e outras dependem exclusivamente.

A questão é que, cada vez mais sabemos menos sobre o que é ou não definitivo.

Antes mesmo de nascermos já existe uma “expectativa”, em torno de nós, que cerca toda a nossa existência.

Espera-se que sejamos comportados. Que mesmo quando bebês, na fase oral, não levemos nada sujo a boca. Precisamos ter consciência dos perigos que as bactérias oferecem.

Quando crescemos um pouco, a expectativa é que sejamos bons alunos, comportados e aplicados em aprender sobre a grande inutilidade que abriga a mesóclise e a hipotenusa.

Passado algum tempo é preciso escolher a profissão, a carreira, o amor de toda a sua vida e o lugar onde vão morar.

Chega o primeiro filho então perguntam logo quando vem o próximo. Acaso estão interessados no preço do pacote de fraldas? Pois é, eu não sou obrigada!

E assim a vida segue. Nem sempre feliz, mesmo assim segue.

Nem sempre boa, mesmo assim, segue.

E será que somos mesmo obrigados a sempre ter algo a oferecer?

Muitas vezes me perguntei se eu sou obrigada a sempre oferecer algo ao outro!

Até que olhei para dentro e percebi que preciso oferecer primeiro a mim, buscar a minha realização pessoal, não por egoísmo, mas para alcançar a minha paz interior.

Questionei-me sobre o que tenho oferecido a mim. Entendi que, definitivamente, eu não sou obrigada a nada e não devo nada a ninguém, a não ser a mim mesma.

Não pretendo com isso propor que vivamos ao léu, sem nos preocupar com o próximo, não estou incentivando ninguém a isso, o que eu quero aqui é dizer que se está fazendo mal, e está, então, eu não sou obrigada! Porque até para fazer o bem existe um limite!

Se eu não fizer o bem para mim, em primeiro lugar, como serei capaz de proporcionar o bem aos demais?

Não proponho uma existência baseada no deixa a vida me levar, tal qual o mar leva e traz o que nele foi arremessado.

A proposta é que repensemos o foco de nossas escolhas. O foco deve estar em nós mesmos, deve ser direcionado para proporcionar a nossa realização pessoal, obviamente, sem prejudicar a ninguém.

Realização essa que é particular de cada um pois, nem sempre aquela vida desejada por muitos, faz feliz a quem é seu protagonista.

Nossas escolhas devem ser escolhas e não sentenças.

É preciso corrigir a rota quando o destino muda. Somos livres para mudar a rota, o caminho e o destino de nossas vidas.

Sabe como podemos fazer boas escolhas?

As boas escolhas partem de dentro para fora. É preciso buscar o autoconhecimento. E só aprende a se conhecer aquele que tem humildade de reconhecer as suas escolhas erradas e aceitar que não é obrigado a permanecer junto aquilo que o fere. Isso só é possível quando se volta o olhar para si mesmo, para o seu interior.

Em um mundo que nos convida a viver olhando para fora o tempo todo, onde ficamos mostrando a todos tudo o que fazemos…

Quero propor um convite:

Olhe para si. Volte o seu olhar para dentro. Conheça e reconheça o que te faz bem, feliz e realizado.

Não espere que a vida lhe dê um gabarito. Essa prova é só sua. É de cada um de nós.

E quer saber? Todos temos condições plenas de tirar nota dez.

Porém, só se quisermos tirar nota dez. Porque no fundo, a nota dez também não passa de mais uma exigência dentre todas que conhecemos.

E a nota, meus amigos, só será boa, se o conhecimento servir para nos fazer felizes.

Desculpe, se não quero, não posso, ou não vou atender a sua expectativa. O fato é que finalmente aprendi que não sou obrigada. Não sou obrigada a nada.








Elen de nascimento, Maria por opção. Escritora, pensadora, sonhadora, gestora, coach e mãe. Escrever é colorir a realidade com as imagens que a alma captura a cada momento do existir. Tudo que é vivido, pensado ou sentido merece também ser escrito.