Descobri que tinha autismo aos 40 anos e isso mudou minha vida.

Em uma manhã de sábado, dois anos atrás, Jane McNeice estava deitada na cama, navegando no Facebook, quando um gráfico colorido descrevendo características de ‘meninas com autismo’ chamou sua atenção. Alguns sintomas a fizeram crer que ela sofria das mesmas caracteristicas, como por exemplo: “conversas intermináveis com a mente, ‘se sentir deslocado no mundo’, ‘ansiedade’, ‘perfeccionista’, ‘confiante’ e ‘tenta adaptar o comportamento para se encaixar’.

Ela conta que chorou muito ao perceber-se autista aos 47 anos.

‘Eu soube imediatamente. Foi como uma lâmpada acesa durante toda a minha vida’, disse Jane, que mora em Doncaster com o marido Steven, 33 e dirige sua própria empresa de TI, além de cuidar dos filhos, Oliver, de 10 anos, e Benjamin, de 7.

Por mais de quatro décadas, Jane experimentou uma série de problemas, incluindo desconforto ao interagir com outras pessoas, baixa auto-estima, ansiedade, depressão e pensamentos suicidas. Ela sempre foi, diz ela, uma estaca quadrada tentando se encaixar em um buraco redondo.

Naquela época, em 2021, ela estava procurando ajuda porque durante a pandemia vinha tendo cada vez mais crises onde chorava e gritava.

Jane McNeice sofreu em silêncio por mais de quatro décadas sem ter um diagnóstico.

Jane também tem uma filha, Laura, 27, de um relacionamento anterior. Desde muito jovem, ela também experimentou problemas emocionais, além de ser verbalmente abusiva o que prejudicava os seus relacionamentos.

O que começou como uma lâmpada acesa se transformou em uma série de interrogações para a família McNeice. Nos sete meses seguintes, primeiro Jane, depois Laura e finalmente Oliver, foram diagnosticados com transtorno do espectro autista.

Este é um distúrbio de desenvolvimento vitalício que afeta a forma como as pessoas se comunicam e interagem com o mundo. Embora as causas não sejam claras, os especialistas acreditam que os fatores genéticos podem contribuir, com estudos estimando que 40 a 80 por cento têm um fator herdado.

Jane e Laura estavam relutantes em esperar por um serviço de diagnóstico adulto do NHS (atualmente dois anos ou mais, dependendo de onde você mora), então foram em particular a um psicoterapeuta que as avaliou usando testes produzidos pela American Psychiatric Association.

No caso de Oliver, uma conversa com um clínico geral e sua escola os levou a receber uma carta do NHS dizendo que o departamento errado havia sido contatado e sugerindo que Jane e seu marido fizessem um curso para pais com filhos com TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) e regulação emocional.

Depois de pagar por uma avaliação particular, que estabeleceu que a suspeita de TDAH era ‘improvável’ e o autismo era ‘possível’.

Jane diz que o diagnóstico preciso fez uma diferença significativa em suas vidas.

‘Entender quem sou, melhorou meu senso de identidade, minha saúde mental, autoestima e resiliência’, disse ela.

No entanto, uma pesquisa publicada no The Lancet em abril sugere que a falta de diagnósticos afeta os números que podem ser mais do que o dobro dos números oficiais, com pessoas com mais de 50 anos e mulheres com menos probabilidade de serem diagnosticadas.

Uma das principais razões por trás dessa falta de diagnóstico é que as mulheres têm menos probabilidade de “se encaixar no padrão” do autismo, definido por pesquisas amplamente baseadas em homens, afirmou a Dra. Sarah Lister Brook, diretora clínica da National Autistic Society e especialista da instituição de caridade Lorna Wing Center for Autism.

“Abordagens padronizadas para avaliar o autismo tendem a questionar e esperar um padrão de comportamento e desenvolvimento que é mais típico dos homens, porque, historicamente, maneirismos autistas comuns vieram do estudo de meninos”, explica ela. “Essas abordagens podem deixar de captar um perfil mais tipicamente feminino.”

Com isso, mulheres do mundo todo acabam ficando sem um diagnóstico e passando praticamente uma vida sem saber que são autistas.

“Mulheres e meninas autistas geralmente são mais motivadas socialmente do que meninos ou homens autistas e podem ter amizades próximas”, acrescenta William Mandy, psicólogo clínico e professor de psicologia clínica na University College London.

As diferenças também podem ocorrer com interesses ou obsessões.

“Os interesses especiais das meninas autistas muitas vezes parecem menos marcantes e incomuns do que os meninos autistas”, diz a professora Mandy. ‘Por exemplo, uma garota pode ser fascinada por animais ou maquiagem, enquanto um garoto pode estar realmente interessado na District Line ou em peças de 50 centavos.

Outro equívoco que pode acontecer em relação ao diagnóstico de mulheres é serem diagnosticadas com ansiedade ou outros distúrbios de saúde mental. Isso é menos provável para homens cujos sintomas tendem a ser mais pronunciados.

“Não é incomum que alguém com autismo atinja um limiar clínico de ansiedade e seja diagnosticado com ela”, diz o Dr. Lister Brook. “Mas é preciso um pouco de curiosidade para entender que pode haver uma condição de neurodesenvolvimento – autismo – sustentando isso.”

Muitas mulheres podem estar sofrendo as consequências da falta de um diagnóstico preciso. Foi isso o que aconteceu com Jane que passou mais de quatro décadas sem saber e precisou mascarar os sintomas: “tentava fazer ou dizer a coisa socialmente ‘certa’ copiando como os outros falam, gesticulam ou até mesmo o tom de voz. Eu imitava seus ideais, como eles se vestiam, até mesmo sua caligrafia’, confessou ela.

O diagnóstico, foi, segundo ela, uma bênção, pois a ajudou a se encaixar, mas foi mentalmente exaustivo. Nunca ocorreu a Jane que ela pudesse estar no espectro. ‘Na verdade, sou muito ruim em matemática, embora sempre tenha sido boa em identificar padrões’, diz ela.

Jane, que publicou um livro, The Umbrella Picker, sobre seu diagnóstico, diz que saber que é autista a ajudou a se tornar menos autocrítica.

O diagnóstico de sua filha, Laura, aos 26 anos, foi igualmente transformador. “Ela agora é capaz de administrar seus impulsos emocionais de forma mais eficaz, por meio da consciência e dos mecanismos de enfrentamento, e tem uma explicação de por que experimentou os pensamentos e sentimentos que tem.

‘Descobrir que seu filho é autista e que seu sofrimento pode ser amenizado não tem preço. Para mim também foi a melhor intervenção psicológica que já recebi para minha saúde mental, embora não haja tratamento como tal’, diz Jane.

“Melhorou meus níveis de ansiedade. Só quero que todas as outras garotas perdidas sejam encontradas.

É importante buscar ajuda especializada se você se identificou com os sintomas, não deixe o tempo passar sem o tratamento adequado.

*DA REDAÇÃO RH. Com informações Daily Mail.

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