Precisamos falar sobre pena de morte. Não aquela que se deseja ver instaurada no País das Bananas, mas a que já se pratica na Nação das banalidades.

É importante que todos saibamos – e que contemos às pessoas – que, a cada 9 minutos, um homicídio é cometido. 83% das mortes é de homem negro, jovem, de idade entre 15 e 24, que não chegou ao ensino médio.

Saibamos todos com a mesma ênfase que 73% dos nossos policiais morrem assassinados fora do horário de serviço. Sim, eles morrem quando não estão defendendo a sociedade. Morrem por serem quem são!

Conscientizemo-nos que o homicídio no Brasil mata mais que a droga na Colômbia.

Aliás, o homicídio no Brasil mata mais que a Aids, diabetes, câncer, cardiopatia e toda cadeia de doenças, sendo recordista em toda América Latina no quesito “matar alguém”.

O crime organizado vai na contramão da própria coerência linguística. Se é ilegal não deveria ser organizado. Mas é. Porque nós, população, nos ocupamos demais com informações desimportantes e continuamos a achar uma chatice ou arrogância a busca de informação.

O crime não. Ele se informa. Vai ao encontro dos bons e dos melhores informantes e formadores de opinião. Por isso importa armas e droga, corrompe, mata e, com competência, se estabelece. Ele se informa sobre “seu ramo”.

Aqui há pena de morte sim e nós vivemos enjaulados.

Até quando você vai aguentar?

Até quando a realidade de quem trabalha na sua casa, cuida do seu filho, do seu carro, da sua portaria será invisível aos seus olhos?

Que diabos de compaixão é essa que se alardeia por aqui, mas que não se aplica na vida prática?

No parlamento há bancada evangélica, bancada da bala, bancada gay, bancada do raio que os parta!

Enquanto não formarmos e não formalizarmos a bancada dos Humanos, enterraremos uns aos outros.

Algumas vezes velaremos corpos desconhecidos. Mas, diariamente, velamos nossa falta de senso de coletividade-prática.

Gostaria de ver menos mimimi e mais informação.
Essa coisa de “copie e cole em seu mural” não gera nenhuma mudança prática.
Ao contrário, deriva da absoluta falta de informação.

Para maiores informações, acesse o Instituto Igarapé. Lá tem os dados registrados que poderão te encorajar a se informar também e, quem sabe, se indignar um pouco.

Fica o meu desejo.








Cláudia Dornelles. Escritora, autora de três livros publicados de crônicas, advogada e administradora da página Alma No Varal.