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Como saber quando devemos ir embora de um relacionamento?

É muito comum escutarmos a frase: quando uma situação ou pessoa me incomoda eu simplesmente dou as costas e vou embora! Seria este, realmente, o melhor caminho?

Em alguns momentos de nossa vida, não conseguimos compreender por que a vida parece estar ocorrendo de maneira tão contrária ao nosso desejo e não entendemos por que os desafios não param de aparecer.

Por que situações e pessoas desafiadoras aparecem em nossa vida? Vamos refletir um pouco sobre isso? Você já parou para pensar que uma situação desafiadora e até enlouquecedora para determinada pessoa pode ser muito tranquila para outra? Certa vez, escutei que pessoas ou situações desafiadoras são simplesmente aquelas com as quais ainda não aprendemos a lidar.

Já ouviu falar em síndrome do disco emperrado?

Essa foi uma boa expressão que encontrei para nomear as situações desafiadoras ou pessoas difíceis que se repetem em nossa vida. Sabe quando uma pessoa ou situação com a qual você não está sabendo lidar ocorre em sua vida, e você, em uma tentativa de driblar a sorte, simplesmente, esquiva-se e pensa: eu vou embora?

A expressão síndrome do disco emperrado explica que, quando fugimos de uma situação, sem o enfrentamento devido e necessário, essa mesma situação nos acompanha e se repete na próxima experiência.

Como diria Freud, repetimos para elaborar situações que ainda precisamos olhar, curar e ressignificar dentro de nós. Situações que se repetem e nos trazem conteúdos e experiências bastante importantes para o nosso desenvolvimento.

Podemos mudar de emprego, cidade, parceiro. Eu, por exemplo, até de país já mudei imaginando que assim resolveria determinadas situações em minha vida e adivinhem… nada aconteceu.

O fato é que podemos mudar todos os elementos de um cenário que nos desagrada, porém, se não conseguirmos modificar em nós mesmos aquilo que realmente está contribuindo para que nos encontremos nessa situação que nos incomoda, voltaremos a nos deparar com situações semelhantes. Sabe por quê? Porque não dá para fugir de nós mesmos. Podemos até fingir que fugimos, mas esse engano cobra um preço alto lá na frente.

Respire fundo, confie em você, levante a cabeça, acione a sua força interior e enfrente!

Seu chefe, seu colega de trabalho, seu parceiro(a), seu problema financeiro, seu parente ou qualquer que seja a situação que o aflige agora.

Às vezes, ir embora pode sim ser uma saída, mas quando o “ir embora” vira um padrão de fuga que o ajuda a evitar olhar para situações que desagradam você, é sinal de que você não está tendo forças para enfrentar o problema.

O medo, a sensação de insegurança, os conflitos, os confrontos, as tristezas, as lágrimas e os incômodos também fazem parte da vida e das mais saudáveis relações. A ideia de que tudo estará sempre às mil maravilhas é que nos prende à infância e cria em nós uma visão superficial e inocente da vida.

Às vezes, as coisas não saem como planejamos, as pessoas não agem como esperamos, as coisas não acontecem de acordo com as nossas expectativas, e mesmo assim eu lhe digo: fique e olhe para o que está acontecendo. Observe qual é o papel do outro, mas principalmente se ocupe de você!

Pergunte-se, questione-se!

  • Como eu estou contribuindo para que essas situações desagradáveis voltem a acontecer dessa forma?
  • Qual é a minha responsabilidade na situação desagradável que estou vivendo?
  • Por que estou atraindo esse padrão de pessoa ou relacionamentos?

E, depois de refletir, antes de ir embora, posicione-se, converse, negocie, avalie, experimente outras opções.

Faça diferente dessa vez!

Enquanto ficamos à espera de uma mudança do outro e do mundo, ficamos em uma posição vulnerável e incerta, já que não podemos garantir que o outro ou o mundo mudem, de acordo com a nossa vontade ou desejo.

Gosto da expressão “ficar para sair”. Às vezes, precisamos de mais um tempo em determinado emprego, determinada relação, viver mais um pouco de determinada experiência incômoda para que possamos ativar dentro de nós os recursos internos de aprendizado, dessa forma, quando resolvemos sair, depois de tentar o suficiente, podemos sair de vez, mudar de fase e passar de nível.

Pode ser que a chave que abre a porta de saída para uma situação que você não deseja mais viver esteja atrás do incômodo que você simplesmente não quer viver.

Existe uma linha tênue entre viver os incômodos necessários para o crescimento e reconhecer os seus limites. Saiba reconhecer até onde é saudável para você permanecer em determinada situação e quando perceber que já aprendeu tudo de que precisava nesse processo e que mesmo assim a mudança esperada não aconteceu, acolha o aprendizado e mude-se, aí sim vá embora.

Ir embora é sempre uma opção, e podemos utilizá-la a qualquer momento, porém é importante nos permitir vivenciar nossos aprendizados.

Tentar mudar o que está ao lado de fora, seja situações ou pessoas, é sempre uma cilada e um desgaste inútil, pois estamos tentando mudar o incontrolável. Quando desistimos de olhar e mudar fora, e passamos a olhar para dentro, descobrimos a chave de nossa libertação.

Quando mudamos do lado de dentro, muitas coisas podem acontecer, entre elas, uma mudança pode acionar a mudança da situação ou pessoa que tanto esperávamos ou nos fortalecer para ir embora, mas agora não mais como uma fuga, mas como o fechamento de um ciclo de aprendizado que o libera para ir embora e viver as próximas etapas que nos aguardam.

Gisele Lacorte

Psicóloga clínica, terapeuta corporal, consteladora familiar e orientadora profissional. Escritora e facilitadora de workshops, palestras e grupos terapêuticos que visam auxiliar as pessoas a reconhecer e ativar sua potencia de realização e alegria de viver através da reconexão com a sua verdadeira essência, do profundo cuidado com o sentir e com o poder de expressar suas emoções mais genuínas. Desenvolve trabalhos personalizados para grupos e empresas.

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