Recentemente comecei a praticar Yoga, pois sinto necessidade constante de equilibrar o meu corpo e mente de tal forma a manter a minha sanidade mental. Um dos exercícios da aula de hoje se baseava em manter o pé esquerdo bem em frente ao direito (literalmente colado) e deixá-los alinhados, ao mesmo tempo em que os braços eram estendidos cada uma para um lado. Um exercício que parece muito simples, não é mesmo? Confesso que tive dificuldades para manter o equilíbrio.

Quando terminamos, a professora explicou que isso acontece porque a nossa mente não está focada no momento presente e qualquer dispersão faz com que a gente perca o equilíbrio. Realmente me dei conta de que, provavelmente, estava pensando em qualquer outra coisa que não fosse o momento presente durante o exercício. E, nesse segundo, percebi o quanto a Yoga está ligada à minha busca por mim mesma.

Não soube nem explicar o que senti naquele momento, mas comecei a questionar de fato o que eu buscava nas aulas de Yoga. Um momento de paz e silêncio? Um momento de reflexão? Um momento só meu? Acho que um pouco disso tudo, porém, na realidade, a Yoga faz parte de algo muito maior, sendo apenas uma dos recursos que encontrei para realizar essa eterna busca por mim mesma.

E sinto que muita gente faz o mesmo com a Yoga e outras práticas, visando encontrar nelas um ponto de equilíbrio, firmeza e paz, já que muitas vezes ficamos atordoados com a ânsia por achar respostas ou algum tipo de conforto que amenize a dolorosa jornada que é a busca por si mesmo. Isso porque esse processo não é simples nem fácil, aliás, está bem longe disso. Sinto que é algo que consome o meu ser por inteiro, domina a minha mente e suga as minhas forças.

Não há começo e fim definidos e, com o passar do tempo, tenho desconfiado de que essa busca por si mesmo seja eterna justamente por isso. Não sabemos determinar muito bem quando ela se inicia e nem se chegará ao fim. Isso porque a verdade é que estamos o tempo todo tentando entender o nosso papel no mundo, o nosso propósito, o significado das nossas ações e emoções. Com isso quero dizer que estamos o tempo todo nos destruindo e reconstruindo, nos desmontando e montando. Estamos o tempo todo inspirando e respirando. E toda vez que o ar entra pelas nossas narinas somos alguém que não existe mais quando expiramos.

Essa reconstrução eterna e constante faz com a vida seja mais árdua do que gostaríamos, afinal, seria muito mais fácil se já nascêssemos prontos e feitos, não é mesmo? O que nos causa dores são justamente as angústias, os receios e inseguranças, que nos obrigam a mantermos essa busca por nós mesmos continuamente para, quem sabe, entendermos melhor quem somos e o que queremos e, enfim, encontrarmos meios de sanarmos esses sofrimentos.

Sim, todo mundo quer ser a melhor versão de si mesmo. Ninguém deseja viver apenas de dor e desilusão. Todos querem encontrar caminhos que façam sentido, conhecer pessoas que contribuam para a jornada, viver momentos que agreguem. No entanto, não nascemos com um mapa na mão e a vida, assim como nós mesmos, é um grande mistério no qual estamos nos arriscando para desvendar o seu final. Hoje, acredito que mais importante do que cruzar a linha de chegada seja saber desbravar o percurso com persistência e coragem, se questionando e procurando o que faz mais sentido para você, mas, ao mesmo tempo, aceitando as dificuldades e encontrando forças para superá-las. Tenho certeza de que essa é a melhor forma de manter viva e significativa a busca por si mesmo para, lá na frente, ter certeza de que você foi capaz de mergulhar dentro de si mesmo e se sentir realizado por quem você é e tudo o que fez.








Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.