Como deixar de lado alguém que você queria ao seu lado para contar como foi o seu dia e como o metrô ou o “busão” estava lotado? Contar que esqueceu as chaves em casa e que vive quebrando tudo.

Aquela vontade de dividir as tragédias do dia-a-dia e que, na noite passada, ao acordar de madrugada, esbarrou em algo e, na tentativa de não deixar aquele objeto cair, acabou quebrando a casa toda e todo mundo acordou, o que não era o seu intuito (risos).

Como deixar de lado alguém em quem você pensa o dia todo, sente saudade e morre de vontade de mandar uma mensagem, perguntando como está sendo a semana, como anda aquele probleminha do trabalho? Como deixar de lado o “boa noite” engasgado, a saudade que invade logo pela manhã?

Como deixar para trás os planos, os segredos, os momentos? Como apagar da memória quem persiste em estar em nossos pensamentos? Como é difícil deixar de lado quem sempre caminhou com a gente. Para qual abraço se refugiar, no final do dia, cansado?

É difícil, eu sei, mas, às vezes, é preciso deixar de lado quem não nos quer mais por perto, quem não dá valor à nossa presença e quem não se importa com as nossas dores. Por mais difícil que seja deixar de lado quem gostaríamos de continuar andando de mãos dadas, é necessário entender que deixar ir, às vezes, é uma forma de não nos machucarmos ainda mais.

Por mais que o fim doa e a saudade nos esmague, uma historia repleta de zigue-zagues só nos fere. É difícil, eu sei, deixar de lado quem era sua risada mais gostosa, seu café mais quentinho. Quem era a primeira pessoa a saber das suas conquistas e também das suas derrotas.

Parece ser uma tarefa tão difícil, mas o problema é que focamos em entender tudo, perdemos tempo demais tentando entender os porquês de quem foi embora sem se importar com a dor que causaria em nós.

De alguém que se foi sem olhar para trás, apagando toda a história que insistimos em relembrar, todos os dias. De quem nos pede para “tocarmos a vida” e esquecer de vez. Tentamos achar respostas que expliquem o porquê de ter dado errado e buscamos, em nossa memória, em que ponto falhamos.

E, nisso tudo, enquanto buscamos entender aquilo que não pode ser explicado, deixamos de viver, enquanto o outro segue sua vida normalmente sem nós. Depositamos nossa felicidade nas mãos de quem não se importa mais com esse lance de nos fazer felizes.

É difícil deixar de lado quem queríamos ao nosso lado, entretanto, mais difícil ainda, como diz Zack Magiezi, “é morar sozinho em uma história de amor.”

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Estudante de psicologia, apaixonada por artes, música e poesia. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito requeijão, mesmo sendo intolerante a lactose. Tem pavor de borboletas, principalmente as no estômago.