Algumas pessoas vivem levando em consideração os sentimentos alheios, mas muitas vezes, são as mais desrespeitadas e desconsideradas pelos outros. Vivem no centro de saias justas, de situações constrangedoras e tendem a sentir muita culpa quando conseguem dizer um não, mesmo percebendo que o outro está fazendo um joguinho emocional.

Muitas vezes, as pessoas mais carinhosas, as que mais merecem a gentileza alheia pois elas mesmas vivem fazendo gentilezas, são as mais cobradas pelas pessoas, são aquelas que recebem menos gentilezas pois lá no fundo os outros sabem que estas pessoas estão sempre prontas a entender e a aceitar.

Algumas pessoas, por um mix de características, acabam se tornando alvos ou presas fáceis de quem gosta de manipular.

Quem normalmente é atencioso e disponibiliza seu tempo para ouvir os outros, o que por sinal considero uma grande virtude, deve tomar cuidado para não ser vampirizado por pessoas extremamente invasivas, que tentam se aproveitar da boa vontade alheia para fazer pedidos inoportunos ou simplesmente para tentar suprir uma excessiva carência afetiva.

Como escrevi em outros textos, ser bom não é sinônimo de ser bobo. Algumas pessoas fazem de tudo para agradar os outros.

Se você está se identificando com o texto até este ponto, talvez se sinta um pouco incomodado com os próximos parágrafos. Que existem pessoas manipuladoras, todos nós já sabemos. O que pouco falamos é sobre os porquês que fazem uma pessoa aceitar e até mesmo suportar jogos emocionais.

Como se diz, cada caso é um caso. Mas existem algumas diretrizes para tentarmos compreender por que alguns passam a vida fazendo a vontade dos outros, por mais absurdas que elas pareçam.

Obviamente, algumas pessoas são mais generosas mesmo por uma questão de personalidade. Algumas pessoas aprenderam o quanto é importante ajudar e a ser gentil desde o berço. Por outro lado, dependendo da educação ou de qualquer outro elemento determinante para a formação da personalidade, algumas pessoas precisam se autoafirmar por meio da aceitação alheia.

Todos nós queremos ser aceitos e amados. Mas em algumas pessoas esta necessidade é tão forte, que se torna quase impossível dizer não, porque dizer não para elas significa perder o afeto alheio. E perder o afeto alheio, representa perder o amor que sentem por elas mesmas.

Creio que de forma intuitiva as pessoas descobrem rapidamente quando estão diante de alguém que não se ama o bastante, quando estão diante de alguém que não consegue se defender contra a mais sutil forma de violência: a chantagem emocional.








Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas. Escritora compulsiva, atriz por vício, professora com alma de estudante. O mundo é o meu palco e minha sala de aula , meu laboratório maluco. Degusto novos conhecimentos e degluto vinhos que me deixam insuportavelmente lúcida. Apaixonada por artes em geral, filosofia , psicanálise e tudo que faz a pele da alma se rasgar. Doutora em Comunicação e Semiótica e autora de 7 livros. Entre eles estão "Como fazer uma tese?" ( Editora Avercamp) , "O cinema da paixão: Cultura espanhola nas telas" e "Sociologia da Educação" ( Editora LTC) indicado ao prêmio Jabuti 2013. Sou alguém que realmente odeia móveis fixos.