Quando vivemos buscando a perfeição, acabamos não enxergando as belas imperfeições à nossa volta. Isso serve para quase tudo na vida, inclusive para nós mesmos e nossos relacionamentos. Apegamo-nos tanto aos detalhes que não nos fazem bem, que perdemos a capacidade de olhar com graça para outras características da pessoa. Uma toalha molhada em cima da cama, um mau humor matinal, a pasta de dente apertada no meio do tubo, a tampa da privada levantada, uma mensagem que demoraram em responder, podem se tornar conflitos desnecessários em um casal, apagar bons momentos e tirar uma energia vital da relação.

Todo mundo que tem um já teve um relacionamento mais longo e íntimo já com certeza se deparou com essas e outras situações e possivelmente conseguirá enumerar diversas atitudes do companheiro que incomodam e que gostaria que fossem diferentes.

Isso é um exercício e pode ser muito útil, mas é preciso que também saibamos enumerar as qualidades, as coisas boas e que nos fazem querer estar ali. Perguntas que sempre faço para os casais que atendo ou até mesmo para as pessoas que fazem terapia individual e trazem questões referentes ao seu relacionamento, são: O que te fez querer ficar com essa pessoa lá atrás? O que te encantou e fez com que você decidisse querer namorá-la? Qual foi a característica dela que mais te chamou a atenção nos primeiros meses de relação?

Percebo aí a dificuldade de muitos de conseguir lembrar e me responder essas questões. O que será que isso significa? Que o amor acabou? Que o relacionamento faliu? Que é preciso partir para outra? Nem sempre. Por vezes a dificuldade em responder essas questões é simplesmente a falta de hábito de fazê-lo. No dia a dia e ainda mais na vida doméstica a dois, parece que fica mais fácil apontar os pequenos defeitos que incomodam, fica mais fácil perder a paciência com as diferenças do que parar 5 minutos e lembrar-se de como os momentos entre vocês podem ser gostosos e relaxantes.

O que te atraiu nessa pessoa, possivelmente ainda está aí, em algum lugar dentro de você (e dela). Lógico que as pessoas mudam e de repente aquela pessoa não é mais a mesma que você conheceu e se apaixonou, mas será que isso não pode ser bom também? Será que a mudança não pode ter sido para melhor e é você que está com dificuldades de enxergar por permanecer preso (a) ao passado. Será que permanecer no passado não está de impedindo de viver plenamente o agora de forma satisfatória e te impedindo de enxergar mudanças positivas?

Às vezes vejo que o que atraiu uma pessoa no começo de um relacionamento, é exatamente a reclamação da pessoa que se tem hoje em dia. Por exemplo: O homem conhece uma mulher super simpática e extrovertida, ela se dá bem com todos os seus amigos e ele fica de queixo caído. Passado alguns anos de relacionamento, ele começa a achar que essa simpatia é excessiva, começa a querer podar as amizades, começa a sentir ciúmes de algo que antes era positivo e pronto, o relacionamento desanda e acaba por enfraquecer.

Fazer essa viagem ao “passado” do relacionamento e se lembrar das razões de estar ali, é tão importante quanto fazer uma viagem para dentro de si e também olhar as suas próprias mudanças, os seus próprios defeitos. Quando conseguimos reconhecer determinadas falhas nossas, acabamos por ficar menos críticos às falhas dos outros e reconhecer que apesar das coisas que não gostamos, aquela pessoa ao nosso lado é provida de muitas qualidades que também precisam ser reconhecidas e valorizadas.








Adriana Cardoso Biem - autora Psicóloga Clínica, especialista em Gestalt-Terapia CRP 06/80681 Formada pela Universidade São Marcos, especialista pelo Instituto Sedes Sapientiae Atende em Alphaville (Barueri/SP) e Granja Viana (Cotia/SP) Contatos: [email protected] www.facebook.com/adrianabiempsicologa @adrianabiempsi (Instagram) www.adrianabiempsicologa.com.br