Até que um dia eu acordei disposta a deixar essa história de nós dois pra lá…

Havia dias que estava querendo acordar com esta disposição e por que não dizer coragem, de libertar você dos meus pensamentos até então insanos sobre nós dois?

Estava eu lá alimentando algo que não existia. Vivi as amarguras de um amor que se foi e eu me dei conta de que não fui. Fiquei parada esperando algo que jamais voltaria.

Acordei e realizei através de um sonho que não deveria mais estar ali – sonhei com um velório, um caixão e um corpo no meio que não soube bem de quem. Mas entendi que representavam a informação do meu inconsciente: deveria sair das emoções que me prendia.

Eu senti que era hora da transição, de enterrar velhos sentimentos, sentidos por apego e medo. Medo de não encarar os fatos, medo do desconhecido, medo de entender que tudo estava acabado e eu lá, ainda, com a luz apagada e a sala vazia.

Que ingenuidade. Ai, vida! Só você mesmo para me fazer amadurecer .

Então eu levantei, lavei meu rosto, olhei-me no espelho. Reparei-me. Senti-me. Vi-me. “Menina, como você é bonita! Você vem sempre aqui”? Perguntei. Acho que estava me apaixonando por mim.

Respondi: “ Sim, às vezes eu apareço por aqui. Mas é que estive perdida, sabe. Estou me reencontrando”.

– “Você tem todo o direito de se perder. Na verdade, é assim que acontecem os maiores encontros. A gente precisa mesmo se perder para se encontrar”.

Eu foi nesse diálogo interno que fui trazendo para mim.

Perguntava-me diariamente: ” Oi! Você está aí?” E me sentia: “Sim!”.
– “Toma juízo”!

Comecei a me sentir tão grande, tão tão que não seria possível mais voltar à pequenez de onde estava, apenas para ser amada como queria. Não estava lá o meu amor… estava mesmo nessa grandeza em mim.

Se eu ficasse lá abafada, entre sonhos e expectativas, também não me daria a chance de viver algo maior e verdadeiro.

Sinto que podemos ser mais verdadeiros com nossos sentimentos e vivê-los em profundidade.
Cansei de ser rasa, de viver na marginalidade. Hoje quero ser nobre, viver de abundâncias, de entregas, de coisas que sejam mais concretas. E essa história de nós dois foi ficando a cada dia mais e mais pra lá…

Fui me desapegando de contatos, de olhares, de vontades, de chamadas, de convites. Fui me desapegando daquele jeito, daquele olhar, daqueles gestos que me faziam ficar.

Fui soltando, dia a dia, as amarras e me libertando de uma paixão que me pegou pela perna e não me deixou respirar.

E foi assim mesmo… em um dia eu acordei disposta a deixar essa história de nós dois pra lá…
Sem mágoas, sem ressentimentos, sem dor, nem piedade. Foi por mim, foi pelo meu amor em mim, fui eu, dona de mim.








É jornalista, atriz e tem a comunicação como aliada. Escritora por natureza, tem mania de preencher folhas brancas com textos contagiados por suas inspirações.