Às vezes, vai bater saudade… Vai dar aquela vontade de sair correndo para discar o número do ex.

Vai dar aquela vontade de ter uma segunda chance no emprego que não parecia tão legal há um ano atrás. Vai dar aquela vontade de voltar para a viagem do verão passado.

Vai dar aquela vontade de ser um adolescente na escola de novo só para não precisar se preocupar com as contas do mês. Pois é, às vezes vai bater saudade. Saudade de muita coisa que foi, que era para ser e acabou não sendo, e de coisa que nem chegou a ser.

Acontece, sabe? Somos humanos. Somos feitos de sentimentos, de pessoas que cruzam a nossa vida, de momentos que nos marcam para sempre.

Acontece de às vezes bater uma saudade de algo que nem sabemos o que é. Ficamos na busca por algo que amenize essa sensação. Eu garanto que a saudade talvez nem esteja no ex, no emprego do passado, na viagem dos sonhos, ou na adolescência tão distante. Talvez essa saudade esteja na completude dos momentos vividos.

Acredito que, ao longo da vida, temos momentos em que perdemos o chão, nos sentimos completamente sozinhos e sem rumo. Outros, no entanto, nos proporcionam a certeza de que há um sentido para a vida, seja no amor, no trabalho, nos amigos, na espiritualidade, ou em qualquer outra coisa. São nesses momentos em que nos sentimos plenos, pois encontramos algo para nos preenchermos.

Esses momentos são raros, únicos, e passam muito, muito rápido.

A plenitude é extremamente relativa, pois cada um a encontra de uma maneira.

Então quando bater aquela saudade de algo que já foi, que ficou para trás, ou até de algo que nem chegou a ser, provavelmente você está sentindo saudades de um momento de plenitude. Saudades de algo que lhe fazia sentir-se em paz com si mesmo.

O problema é que tudo o que fica no passado dificilmente volta para o futuro, então deixar essa saudade ser a bússola da sua felicidade é o caminho errado para a plenitude. Sempre terá algo a mais lá na frente, algo capaz de te preencher, algo capaz de te proporcionar toda essa paz de espírito.

Então, quando bater a saudade, e eu garanto que ela vai bater em algum momento, seja paciente para aceitá-la, mas forte o suficiente para deixá-la para trás com tudo o que um dia já foi, mas que não é mais.








Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.