Depois do fim, é difícil recomeçar. Alguns finais nos deixam sem chão. Eu não esperava que você fosse embora, achei mesmo que terminaria os dias ao seu lado, fazendo massagem nos seus pés, enquanto ouvia você me falar como foi o seu dia.

Quando você se foi, eu senti uma dor imensa na alma, a angústia insistia em apertar o peito, parecia me sufocar.

Confesso que, por vezes, eu me desesperei; quantas vezes eu peguei o telefone como quem queria escutar a sua voz e saber se você estava bem, quantas vezes digitei uma mensagem com falas de saudade e as apaguei.

Ah, como eu queria saber onde você estava, se estava feliz ou se havia encontrado um outro alguém. O meu coração inquieto precisava de respostas e eu, de alguma forma, não estava conformada com o fim.

Tanta coisa dominou os meus pensamentos.

No começo, eu queria mendigar o seu amor, mesmo que ele fosse pouco. Eu queria tê-lo de volta, mesmo que fosse metade.

Até me arrisquei em me aventurar em outros risos, mas logo pensava no seu. Eu até tentei esquecê-lo, apagar da memória os nossos momentos, mas tudo me lembrava você, desde o cheiro de café pela manhã até o suco de laranja no jantar.

Como era difícil encontrar algum amigo seu na rua e, por mais que eu desviasse e fingisse não ver, não conseguia desviar as lembranças. Como foi difícil, por um tempo, ver alguma foto sua e quantas vezes eu chorei quando vi você seguindo a sua vida sem segurar a minha mão.

Quantas noites em claro buscando entender onde falhei. Não me esqueço do travesseiro encharcado de lágrimas na madrugada, enquanto escutava aquela música de que você tanto gostava e de quebrar a cabeça tentando encontrar respostas. Quantas e quantas vezes eu não me achei problema.

Como foram dolorosos os finais de semana sem as nossas séries, sem os seus comentários, sem as suas manias, sem você me explicando a história.

Como doeu não o ver no final da semana e não receber o seu abraço.

É difícil olhar para trás e pensar que tudo ficou apenas na história e que não iremos mais tecer planos.

A saudade veio me visitar todos os dias, de um jeito avassalador.

Às vezes, eu a driblava, em outras, ela me controlava. Foi difícil, confesso.

Dói recomeçar, porque alguns “adeus” nós nunca esperamos dar.

Tecemos planos que fizeram com que eu acreditasse que a nossa história não teria um fim. Mas, hoje, depois de tantos tombos, de tantas noites em claro, de achar que eu não suportaria a dor da saudade de quem decidiu pousar em outro lugar, estou mais forte.

Decidi recomeçar.

É preciso se reinventar, entender que um fim de relacionamento não significa o fim dos nossos anseios, dos nossos sonhos, da nossa vida.

Às vezes, o fim de algo é apenas o começo de algo melhor em nossas vidas.

Eu, sinceramente, achei que você se importaria e que fizesse de tudo para ficar, mas as tuas despedidas foram claras e logo fizeram com que eu pensasse que talvez eu não fosse quem você gostaria de ter.

Depois de tanto tempo convivendo com um amor morno, com a sua indiferença diária, entendi que a sua partida era necessária, antes que você partisse ainda mais o meu coração.

Olhando para trás, guardo apenas o que há de bom e hoje sigo em frente como quem deseja escrever uma nova história, fazer outros planos, mudar os rumos, sair da mesmice e não aceitar migalhas.

A sua despedida me deixou em pedaços, mas, quando esse coração teimoso encontrou o tal do amor próprio, foi logo se recompondo.

Eu quero ser feliz, e ter depositado a minha felicidade nas mãos de alguém certamente foi o erro, mas me recompus e cá estou, trilhando outros caminhos, vivendo outros sonhos e entendendo que o verdadeiro amor começa em si mesmo.








Estudante de psicologia, apaixonada por artes, música e poesia. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito requeijão, mesmo sendo intolerante a lactose. Tem pavor de borboletas, principalmente as no estômago.