Às vezes, na vida dura e corrida, só precisamos de alguém para salvar o dia.

Você acordou atrasada. Uma tremenda dor de ouvido. Tropeçou no fio do laptop que dormira em cima de si. Nem lembrou que não jantara. Correu pro banheiro pra tomar uma ducha,mas não tinha água. Esquecera do aviso do síndico de que a caixa seria lavada.

Um balde de água sequer para lavar o cabelo. Enrolou o cabelo num coque e foi tomar café na padaria, sim, distanciada e higienizada, mas saciada.

Não acorda sem seu ” santinho”. E ” saco vazio não para em pé”,né? O dia estava lindo,mas ventava. Correu pra dar uma geral na casa, foi checar seus mails e só paulada atrás de paulada.

Passou sua roupa correndo, água,nada ainda. Pediu uma comida por delivery e foi lá batalhar o pão de cada dia.

Ligação no celular; mais uma oportunidade negada. Aquela em que ela mais apostava. Nessa hora, sentou num dos sofás do espaço e seus olhos lacrimejaram. Pensou em ligar para ele.

Dizer que tinha amado a noite e que queria estar em seus braços novamente. Sentia saudades.

“Ah, ele não sente o mesmo, boba. Você foi só mais uma”, pensou.

Não estava em seus planos gostar dele. Se envolver. Mas, se envolveu. Mundos tão diferentes. Destas peças que a vida prega na gente. Fechou os olhos e na mente veio a lembrança dos seus olhos. Exóticos. Lindos. Enigmáticos. Ela não sabia como decifrar o sorriso que ele lançava a ela.

O que se escondia em seus pensamentos.

Será que a levava a sério?

Será que o veria novamente?

Tiveram momentos tão mágicos, tanto olhar profundo lá no fundo da alma, tanta mutualidade silenciosa, tanta entrega.

Seria encenação da parte dele?

Ficção da mente dela?

Ou o que tiveram era realidade?

Duraria?

Acabaria?

Tantas dúvidas, tantas perguntas que não sabia quando seriam respondidas.

Entrou no banheiro da empresa e chorou. E chorou mais um pouco. Abriu a porta, a Sra. da limpeza, olhos arregalados, perguntou se estava tudo bem.

Balançando negativamente, balbuciou que não.

Recebeu então, um abraço. Não era de quem ela queria, mas, por ora, servia. O Mundo com medo, e ela também.

Mas nunca se acovardou. Sempre lutou na linha de frente por família, amigos, um amor. Nem o coronavírus conseguiu apagar essa chama de dentro dela.

O impulso em se doar, ser útil ,amar e ser amada. Em tempos de Coronavírus, corajoso é quem enfrenta o medo, mergulha no fundo, sem receio.

Alguém que irá te cuidar e estará lá ao teu lado para que não acorde sozinho em meio ao pesadelo.

Alguém que desafia Pandemia e Ciência e se permite SER e VIVER por inteiro, ao teu lado.

A pior doença do homem, é a covardia. E desse mal, ela, um misto de razão e sensibilidade, não se contagia.

Porque ela não é copo meio vazio,raso, não sabe ser só pela metade.

Ela borbulha até a borda. Ela só sabe ser copo cheio.

Cuide-se. Mas não deixe de amar.

O soldado que volta sozinho da batalha não é herói. Mas sim aquele que estende a mão e não abandona um companheiro ferido.

Num mundo caótico e epidêmico, carinho ainda é o melhor antídoto.

No fim, morreremos todos.

Aliás, já nascemos, morrendo.

Viva e AME, enquanto estiver VIVO.

Às vezes, na vida dura e corrida, só se precisa de alguém. Alguém para salvar o dia.








Sou jornalista de espírito vintage, que ama compor músicas ,pintar, e escrever sobre assuntos voltados à compreensão das relações humanas e da profundidade da alma. Acredito que as duas maiores forças que possuem o poder de mudar o nosso dia a dia são o Amor e a Empatia. Grata por compartilhar com vocês esta jornada.