Eu não entendo como uma pessoa consegue gostar tanto de alguém e deixar essa pessoa ir embora, assim, como só mais um alguém que entra e sai da sua vida.

Não entendo também como alguém consegue ter coragem de se enganar a ponto de acreditar que o melhor para si é mesmo ir embora, porque ficar pode ser perigoso demais, mesmo depois de tantos momentos grandiosos.

Não entendo como alguém consegue ser tão egoísta a ponto de escolher fugir do outro só para não ter que provar a intensidade que o outro possui. Eu não entendo como alguém tem coragem de fingir que nada aconteceu, mesmo que tudo tenha sido intenso, único e maravilhoso demais!

Ainda que tudo tenha sido incrível, eu não entendo como alguém pode fugir de tudo isso, enganando a si mesmo e dizendo que às vezes o melhor é jogar tudo para o alto e correr para bem longe, porque o amor é loucura demais para caber na nossa bagunça interna.

Eu não entendo como alguém abre espaço para o outro entrar, limpa cada cômodo do peito para que o outro fique, faz ficar e no final das contas, quando tudo parece leve e agradável, escolhe se afastar pelo medo de sentir, por não saber como agir, ou simplesmente, porque o outro tem algo de diferente. A diferença que deveria ser algo bonito de se ter, se transforma numa coisa que aumenta a distância.

E isso eu não entendo. Não entendo como alguém tenta convencer o outro de que está indo embora, e que isso é a melhor escolha que se pode tomar, quando não existem razões óbvias para acabar.

Às vezes, é só porque o outro decidiu sair fora, e isso nada tem a ver com a gente, eu sei. Às vezes, é só porque a outra pessoa não está preparada para a nossa intensidade, ou porque a nossa imensidão assusta. E por mais que me doa tentar entender isso, é difícil entender quando se existe química, quando o match acontece não somente no olhar, mas, literalmente, nas ligações internas, quando são tantos os gostos e assuntos em comum, mas no final das contas, o outro escolhe ir.

Dá para entender? Eu não entendo porque tem que ser assim. Porque, às vezes, parece ir tudo bem, você começa a sentir uma sensação de leveza no peito, e você sente aquela leve agulhada no estômago, você não sabe se fica ou se vai até que o outro o faz ficar e no final das contas, ele acaba indo porque algo em você o assustou.

Eu não entendo porque as pessoas somem, fogem, pulam fora por tão pouca coisa e, às vezes, por nada. Parece que todo mundo está meio perdido tentando encontrar um abrigo para ficar e ao mesmo tempo, têm medo do que existe além da porta. Parece que anda todo mundo cansado. Cansado de se envolver, cansado de se entregar, de deixar o medo de lado e mergulhar fundo no outro. Parece que está todo mundo com medo do outro, do que o outro possa fazer com a sua entrega, sabe? Muita gente vai embora por medo da vulnerabilidade da entrega, e eu acho que no final das contas, por mais que algumas partidas doam, essas pessoas fazem favor indo embora.

E eu já não sei o que sou no meio disso tudo. Ando cansado de mergulhar e quebrar a cara, de me dispor e no final das contas ver o outro pulando fora por puro medo de se envolver ou pela bagunça que carrega.

E não culpo ninguém, às vezes a gente encontra alguém certo no momento errado. Só não entendo tudo isso, e por mais que me doa entender, eu sei que nada tenho a ver se alguém pula fora de mim por medo da minha grandeza.
As pessoas vão embora por algum motivo e eu não preciso me culpar por isso.








Sou recifense, 24 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes, mas amo cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Além de escrever em meu blog pessoal e por aqui, escrevo também no blog da Isabela Freitas, sou colunista do Superela e lancei o meu primeiro livro em Novembro de 2014 pela Editora Penalux. .