São elas, sim. Aquelas que não vão nos julgar pelo dinheiro que temos no bolso, na conta, na herança da família. As pessoas que nos são mais caras não dão a mínima se tudo o que temos é barato e comprado a prestação. Não ligam se o nosso carro não tem ar condicionado e faz barulho quando abre o vidro. Não reclamam se o vidro emperra. Não ficam tristes de ganhar no aniversário nada mais que uma mensagem de texto, um telefonema ou uma bobagem da loja de um e noventa e nove. Basta que seja sincero.

De todas as pessoas que encontramos na vida, as mais valiosas são as que chegam antes do dinheiro e as que ficam depois que ele acaba.

Não, isto não é um elogio à pobreza, não. É só uma celebração de toda gente leal que resta no planeta. Porque amigo é amigo com dinheiro ou na miséria. Pode até desistir de uma amizade. Acontece. Quase todo mundo vai embora quando é traído, enganado, maltratado, preterido. Afinal, ser amigo não é igual a ser trouxa ou aceitar tudo. Agora, nenhuma pessoa decente abandona seu amigo só porque a grana acabou.

Não, eu não estou dizendo que todo “pobre” é legal e todo “rico” é canalha. Estou afirmando que gente boa de verdade vive para além das limitações de orçamento. Não se aproxima e nem foge de alguém tão somente pela mera semelhança ou diferença financeira. Gente boa de verdade não expulsa de seu clube um companheiro na falência nem se achega a um desconhecido apenas por lhe saber endinheirado.

Não, não é mau frequentar lugares caros, pagar mais por seus gostos, viajar o mundo, viver em um bom bairro. Se o dinheiro é seu e foi ganho honestamente, o que há de errado? Nada! Assim como nada há de impróprio em viver com poucos recursos por necessidade, pagar menos para morar, comer, vestir. O sujeito que vende o almoço para comprar a janta não é melhor nem pior que o esbanjador e vice-versa. São só pessoas em posições diferentes, vivendo realidades diversas.

Pessoas não têm preço. Porque preço é próprio de coisas e objetos. Pessoas têm valor. Umas mais, outras menos. E eu tenho a impressão de que o valor da gente não se mede pelo preço que a gente paga nas coisas.

Não é por nada, não. Mas para mim as pessoas mais caras do mundo são aquelas que não reclamariam de tomar champanhe francês ao meu lado, de frente para a Torre Eiffel, como também não rejeitariam um vinho barato em minha companhia. Nem gostariam menos de mim por isso.








http://www.revistaletra.com.br/ Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.