O mundo se transforma a cada nova volta que se dá, e por mais que estejamos em pleno século novo e a era da submissão fica apenas ao critério de quem realmente gosta, ainda me sinto presa a alguma amarras que me são impostas. Não presa no sentido real, mas metaforicamente me sinto inibida para romper algumas barreiras.

Sou veterana, tenho ensino superior, saindo do mestrado rumo ao doutorado, falo inglês, sei fazer imposto de renda, não tenho multas na minha habilitação, sou uma ótima cozinheira, porém não sou adepta ao lar. Tenho uma profissão estável, um círculo de amigos que me faz feliz e minha saúde está em seus melhores dias.

Porém algo ainda me falta, é um vazio aqui por dentro que nem o Netflix é capaz de suprir, não se enganem, não vou chorar minhas pitangas, apenas é uma constatação. Olho para todos a minha volta e me deparo com a geração coca cola que estão ensandecidos com a tecnologia atual, que se preocupam em atrair seguidores para o tão sonhado “K” Plus do momento.

Mas eu ainda sou daquelas à moda antiga, gosto de enviar e receber cartas, não um e Moji qualquer e sem sentimento, ainda prefiro a essência que vem acompanhada de um moço tímido com uma garrafa de vinho, horas em minha varanda contemplando mais um céu que está dando um show de boniteza à um camarote em um pub lotado de gente vazia.

Gosto de andar de mãos dadas por uma estrada qualquer, sem que a pressa da rotina nos engula, e que minhas borboletas no estômago se manifestem assim que ele de mim roubar um beijo. Mas o que fazer quando tudo que você acredita se desfaz diante de seus olhos?

“Às vezes acho que nasci na década errada. Tenho princípios que já se perderam e amo coisas que já não se dá mais valor. ” -Adélia Prado.

Em menos de uma linha em meio algumas vogais e consoantes Adélia é capaz de simplesmente me definir. Acredito no amor em uma época que só se ama o que se tem, espero por um alguém que tudo que espera é beijar mais de 100.

Acredito em romantismo enquanto a maioria se gaba por serem imunes a qualquer tipo de sentimento, desejo por um companheiro enquanto ele acredita que quanto maior for o meu decote, mais gostosa na cama eu deveria ser.

Vivo na era do Tinder, dos namoros virtuais, “do não se apega não”, enquanto tudo que eu realmente queria era pele, toque, ousadia, um pouco de sedução e mais conexão com a mente do que com o que o meu corpo pode lhe oferecer.

E na sua opinião eu sou louca, velha e não entendo sobre as modernidades do momento, porém tenho os sonhos mais doces e cobiçados que uma mulher poderia ter, almejo ser mãe, ter um lar com cerquinha branca sim, e daí? Não quero ser uma Amélia, tenho muito mais em mim de Capitu do que você possa acreditar.

Mas, e quem aí está disposto a pagar o preço para me conquistar? Não vejo problema na fugacidade o que não aceito é o desdém que tratam o meu coração. Espero mais do que 5 minutos de conversa e bora ali para o banco de trás, quero um encontro real com alguém interessante e que no mínimo saiba a diferença entre uma mulher e uma boneca inflável.

Não interessa em que idade eu me encontro, o meu amor próprio sempre se encontrará em alta e jamais o deixarei de lado, nunca entrarei em uma relação por mero desespero, então se você acha que me renderei a sua lábia de Don Juan logo na primeira, saiba que eu já vivi essa história antes, e não pretendo tomar mais uma dose.

Já vivi relacionamentos frios e de longo prazo, já vivi algo de dias e que foi tão intenso como se ele estivesse por aqui a vida inteira. Já experimentei beijos por diversão, e alguns eu cobicei pôr em mim despertarem paixão.

Mas ainda quero aquele amor desconcertante que não irá olhar para minhas relações frustradas, para os erros já cometidos, ou as escolhas equivocadas, não me interessa o quanto a sua vida seja turbulenta ou que nossos gostos não combinem, mas desejo por esse alguém que vai me olhar de vagar sem pressa em me desvendar, que terá curiosidade para conhecer o meu mundo e que também vai sentir na pele o mesmo arrepio assim que nossos lábios se tocarem.

Não espero que seja perfeito, mas no mínimo espero alguém que venha inteiro e que juntos comecemos uma nova história e que não seja baseada no que já fomos um dia antes de nos conhecermos, mas que seja a mistura de nós dois que venha para inspirar novos casais para que venham uma dose de amor também poder experimentar.








Re Vieira, guria apaixonada pela vida, escorpiana formada em direito, amante das palavras, ama café, gente divertida e vinhos, sou aspirante a escritora, louca de intensidade e sobrenome, tenho 27 anos mas perco a maturidade diante de um sorvete com gomas de mascar, me convidem pra beber e viramos amigos de infância.