Podemos disfarçar, fechar os olhos, distrair a própria vontade, mas a verdade é que sempre sabemos quando um amor chega ao fim.

Sabemos que nenhum amor acaba de repente. É aos poucos que o interesse vai se perdendo, o respeito dando lugar às grosserias e o companheirismo virando obrigação. O fim é apenas a sentença.

Ninguém acorda, do nada, e diz “não te amo mais”. Antes de qualquer fim, tem o cansaço. A gente cansa de compreender, de discutir, de avisar. Cansa de tentar arrumar a alma, de fazer carinho, de olhar nos olhos. O amor acaba das mais diversas formas e, nem sempre, o motivo é palpável.

O riso fácil não é mais espontâneo, o tempo dedicado à relação já não existe e os olhos já não sentem atração. Amor acaba quando a demonstração de afeto dá lugar às constantes desculpas, quando não há cuidado com as palavras ou quando a companhia vira angústia. Assim acaba o amor: no descuido do que é essencial e na valorização do supérfluo.

Por mais que fechemos os olhos para a verdade, sabemos que nenhuma relação sustenta-se sem amor. Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas, dizia que “só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.

As pessoas parecem não entender que o comodismo cega. Confundem “amor tranquilo” com “amor acomodado” e esquecem que, assim como a Arte, o amor precisa de criatividade para permanecer.

Não é preciso jantares afrodisíacos, declarações em outdoor, nem tatuagem com o nome da pessoa amada. O que o amor exige é cuidado com os (básicos) detalhes da vida cotidiana.

Arrume um tempo para as mensagens inesperadas, mande flores sem motivos, perdoe sem condições. O que pode não fazer sentido hoje, pode salvar a relação amanhã.

Não negligencie o amor, a conta sempre vem. Seja capaz de amar sem medidas, demonstrar sem plateia e respeitar incondicionalmente. Amor, meu bem, é uma questão de cuidado.








A literatura vista por vários ângulos e apresentada de forma bem diferente.