Com 15 anos eu me apaixonei pela minha bela professora de biologia. Meu amor por ela era platônico, uma expectativa afetuosa, em que excluía a atração sexual. Mas no segundo semestre minhas notas baixaram, então, senti que era um amor impossível e que não seria correspondido.

Depois conheci uma menina da minha idade, desistindo da professora. Eu e muitas pessoas já vivemos um amor platônico, sem a outra pessoa saber, tipo à distância e repleto de fantasias, onde o objeto do amor é um ser sublime, detentor de todas as boas qualidades. Um amor passageiro, que nos traz lembranças pueris.

Na universidade, quando jovem e ainda imaturo emocionalmente, fui tomado por uma paixão arrasadora, como se fosse um tsunami, que me fez um grande estrago, pois a minha namorada me trocou pelo meu colega de curso. Aliás, o meu “muy amigo”.

A minha sorte que esse sentimento foi efêmero, que não se transformou em amor e durou pouco. Parece uma enxaqueca, é só tomar analgésico, que logo passa. Verdade seja dita, homens e mulheres quando estão apaixonados o que mais atraem são os atributos físicos: os olhos, os lábios, a pele, os cabelos, a silhueta, etc. Assim, deixamos de sentir a parte interior de quem nos apaixonamos.

Você acredita nisso? Não há porque não acreditar, uma vez que amor platônico e a paixão são sensações intensas, que compõem o nosso processo de amadurecimento psicoemocional. Essas emoções irracionais desaparecem com a descoberta do amor autêntico.

Entretanto, aprendemos as “duras penas” que o amor não acontece à “primeira vista”. O amor é um sentimento profundo e complexo, sendo necessário um longo período de tempo para que possamos desenvolvê-lo. É por isso, que muita gente faz escolhas erradas e sofre demais, até acertar no amor.

Com os anos encontrei o meu amor. Descobri a mulher que me ama e que me faltava, tornando-me assim pleno e completo. Mas, por que não tentar? Não existe nada de errado em tentar encontrar o verdadeiro amor, que nos permitirá ver além das aparências, para perceber a “beleza interior” da pessoa que mais queremos, sem perder de vista as suas principais virtudes, que acabam por serem tão ou mais excitantes do que o seu belo sorriso.

Por outro lado, é sempre perigoso, o “amor líquido”, que hoje no mundo virtual e real oferece emoções que somem das nossas mãos. Um amor que tem largado inúmeras pessoas com os corações dilacerados, que foram traídas por sua carência desmedida.

Nós, seres humanos, não somos bens de consumo, que temos uma vida útil como se fosse um computador ou celular. Muitas vezes o amor é visto desse modo, em seguida descartado. Por isso, troca-se de relacionamento a todo o momento, como se fosse um eletrodoméstico, que tem o seu prazo de garantia programado.

Portanto, precisamos ter em mente os valores indispensáveis da dignidade e da liberdade. Sem eles cairemos nas armadilhas do “amor líquido”, que produz desamparo emocional. Todos nós devemos fortalecer essas dimensões para achar o equilíbrio em nossas vidas, sobretudo, no amor.








Sociólogo e Psicanalista