Algumas pessoas são excluídas e humilhadas constantemente. Elas são alvos de chacota e depreciação. Isso já aconteceu com você?

Como você se sentiria se fosse constantemente agredido física e psicologicamente, excluído, intimidado, desprezado, tratado com chacota, atacado intencionalmente e sistematicamente de maneira explícita ou velada e sem a possibilidade de defesa?

E se toda esta agressão acontecesse em sua infância, processo este importante do desenvolvimento humano e para a formação de valores e vínculos?

Como você reagiria a uma situação de exclusão e de violência incessantes? Com raiva, desvalorização de si mesmo ou dos outros, indiferença para com a situação, aceitação, isolamento, desejo de vingança?

Enfrentaria esta condição com sentimento de não pertencimento ou mobilizaria recursos para sair de algum modo da situação, seja faltando às aulas, saindo da escola ou na pior das hipóteses, tirando a própria vida?

Muitas crianças e adolescentes se sentem excluídas e podem não “dar conta” das agressões contínuas por questões várias: medo de represálias, por não ter a quem recorrer e caso tenha, de não ser compreendido.

Indiscutivelmente os recursos psicológicos da criança em formação diante da violência que lhe é infligida, tornam-se fragilizados para enfrentar, para lidar sozinha com este problema tão complexo.

Infelizmente o bullying é uma realidade cotidiana que muitas crianças e adolescentes enfrentam todos os dias e o local em que esta ação na maior parte das vezes acontece é na própria escola.

A prática do bullying no Brasil e no mundo tem se caracterizado como uma verdadeira epidemia em constante crescimento, mesmo com a intervenção de políticas públicas no tocante a este tipo de violência.

Segundo dados de estudos realizados pela OCDE (Organização para a Cooperação Econômica), o bullying no Brasil está superando inclusive a média internacional, embora seja um crime contra a dignidade humana e amparada pelas leis 13.663/2018 e 13.185/2015 do Código Penal Brasileiro; portanto bullying é crime.

Qual seria a possível solução para prevenir e erradicar o bullying?

A prática do bullying está diretamente relacionada com a falta de internalização de valores e princípios morais e sociais imprescindíveis no relacionar-se consigo e com o outro, valores de convivência, como o respeito e a empatia.

A internalização de valores acontece na primeira infância no núcleo familiar da criança e posteriormente na escola, onde a mesma ingressaria no treino das primeiras habilidades sociais.

A família tem papel primordial na internalização dos modelos de valores, sobretudo através do exemplo e que em um segundo momento terá a escola como suporte neste processo.

O problema reside no fato de quando é a própria família que é (re)produtora de agressão, indo na contramão do exercício do Poder Familiar. Crianças que se sentem excluídas no âmbito familiar, na vida adulta, se excluem mesmo quando não estão sendo excluídas.

As crianças que são excluídas aprendem que a resolução de conflitos acontece por meio da violência, reproduzindo no ambiente escolar o que acontece dentro da própria casa, não compreendendo que existem metodologias saudáveis para a mediação de conflitos.

Portanto, pensar em erradicação do bullying sem colocar em pauta a organização familiar, primeira referência do indivíduo em formação e em segundo plano o Ensino Infantil, é o mesmo que construir uma casa de ferro em estrutura de areia.

Em outras palavras, as políticas públicas e as leis são extremamente importantes no estabelecimento de regras e limites sociais, mas o problema não é só legislativo, mas sobretudo estrutural.

Por outro lado, o Estado precisa ter um olhar mais cuidadoso no tocante à educação primordial, seja no tocante às verbas públicas destinadas para a melhoria da qualidade da Educação Infantil, como valorização de professores através de melhores salários e menos sobrecarga laboral.

Família, Estado e Instituições escolares precisam se unir para a erradicação do bullying. E Corroboro que é necessário investimento e cuidado que vão além das medidas e Leis vigentes.

As Leis são importantíssimas, mas não devemos esquecer que uma sociedade salutar e consciente se constitui através da saúde e da educação.

Se não fosse assim, apesar das medidas legislativas no combate à intimidação sistemática existirem, não haveria o aumento da incidência do bullying nas escolas se configurando como um problema de saúde pública, sério, grave e portanto digno de atenção.

Se para John Locke: “Onde não há Lei, não há liberdade”, considero pessoalmente libertador o pensamento de Platão: “Boas pessoas não precisam de leis para obrigá-las a agir responsavelmente”.

O pensamento de John Locke reporta muito mais à s leis enquanto amortecedor social, enquanto Platão sugere uma conscientização social mais profunda e esta só pode acontecer através do investimento da família e do Estado na Educação.

Mais que um problema legislativo, o problema do bullying é sobretudo estrutural.

Você já se sentiu inadequado, excluído ou já foi humilhado por pessoas que se sentem no direito de fazer chacota com os outros?

Pessoas que são excluídas, geralmente, adoecem mental, emocional e fisicamente, seja uma pessoa que inclui, acolhe e exalta as qualidades não os defeitos!

*DA REDAÇÃO RH. Foto de Zhivko Minkov no Unsplash.

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https://www.facebook.com/FechamentodeCicloeRenascimento/?fref=ts Soraya Rodrigues de Aragão é psicóloga, psicotraumatologista, escritora e palestrante. Realizou seus estudos acadêmicos na Unifor e Universidade de Roma. Equivalência do curso de Psicologia na Itália resultando em Mestrado. Especializou-se em Psicotraumatologia pela A.R.P. de Milão. Especializanda em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde - Universidad San Jorge (Madri) e Sociedad Española de Medicina Psicosomática y Psicoterapia. Sócia da Sociedade Italiana de Neuropsicofarmacologia e membro da Sociedade Italiana de Neuropsicologia. Autora do livro Fechamento de Ciclo e Renascimento: este é o momento de renovar a sua vida. Edições Vieira da Silva, Lisboa, 2016; e do Livro Digital: "Transtorno do Pânico: Sintomatologia, Diagnóstico, Tratamento, Prevenção e Psicoeducação. É autora do projeto «Consultoria Estratégica em Avaliação Emocional»