Nunca me doeu tanto escrever-te, meu amor. Estou em prantos; tentando resgatar os últimos sinais de sanidade que me restaram. Como dizer-te que meu coração já não bate com tamanha rapidez ao te ver? Meu Deus, como o desamor corrói. Teus olhos amendoados não bombeiam mais meu sangue. Teu riso sequer me faz sorrir. Já consigo viver sem você, anjo. Um baque tamanho perceber isso, aliás. Não consigo descartar os planos que eu construí ao teu lado. To com tanto medo de ter de atravessar a rua sem você, mas sinto-me obrigada. Você não me faz mais bem. E, por favor, não se culpe. Apenas aconteceu. Mas não posso negar que tua ausência colaborou, creio eu; esse teu jeito idiota de tentar me provar que conseguia muito bem viver sem os meus cuidados – e, sinceramente, passei a acreditar fielmente nisso, tanto que tentei fazer o mesmo. E aqui estou eu, pronta para voar. Como um passarinho recém liberto. Não que teu amor tenha me prendido, longe disso.

Lembra-te de minha paixão súbita por teus defeitos? Pois então, hoje os mesmos dão-me náuseas. Teu olhar não faz mais diferença, consegue compreender? Tanto faz ver-te observando outras mulheres com o meu estereotipo. Já não ligo mais, ao saber que tua ex-namorada anda te perturbando novamente. É como se, nada vindo de ti, me interessasse, me atraísse. Como se tu já pertencesse a um passado tão distante…

Mas me responda, por que me sinto tão culpada? Meu coração dói, minha alma grita por abrigo, meus olhos assiduamente dão lugar às lágrimas. Parte de mim, não quer se desprender; já outra parte, anda implorando por um pouco mais de sossego – sem você por perto. Então me perdoa. Por favor, meu amor, me desculpe por isso. Por não ter coragem de te enfrentar, escancarar em tua face minha desistência.

Perdoe-me pela fraqueza, pela falta de delicadeza ao lidar com uma coisa tão nobre, como nós dois. Ajoelho-me em tua frente, se for preciso. Tens noção do quanto eu estou ferida por dentro? Estou com um medo danado da mudança. Medo de sair da rotina. De não ter que te ligar a noite, tampouco ir a tua casa todos os sábados à tarde. Mas, me compreenda; não posso mais insistir, sendo que sequer estou disposta a lutar. Não posso fingir estar tudo bem, quando meus lábios não querem mais tocar os teus. Simplesmente não te quero mais. Cansei.

Juro-te, minhas mãos agora tremem numa tentativa desesperada de finalizar estes escritos de forma coerente e sem mágoas. Por favor, te imploro, não leve a mal. Eu te amei. De uma forma idiota, egocêntrica e particularmente detestável, mas, no entanto, te doei o meu coração. Entreguei-me por inteira a você, aliás. E, não guardo rancores. Tu me fizeste bem por um tempo, e é isso que eu levo embora agora. É de teu sorriso que eu não irei esquecer, de tua mania idiota de me fazer rir que guardo. Mas, veja bem, pra mim não dá mais. (icanbeyourcocaine)