“A ansiedade generalizada na sociedade brasileira é fruto do veneno da violência e da desigualdade”, diz neurocientista.

Meu nome é Fabiano de Abreu, sou neurocientista, e possuo um dos QIs mais altos do mundo, sofro de ansiedade, como a maioria da população mundial, e é sabido que a sociedade brasileira é uma das mais ansiosas do mundo, os números são realmente alarmantes.

Todos nós usufruímos da evolução da tecnologia, da sociedade, das ciências e de todas as outras coisas que se desenvolveram para que a sociedade contemporânea pudesse se tornar o que é hoje, mas apesar de todo esse “prazer” que ela nos proporciona, a sociedade nos envenena, e a pandemia foi apenas o fator que expôs esses danos.

Fui convidado para participar da palestra “Pandemia da saúde mental: O adoecimento coletivo de uma geração” idealizada pela Faculdade Católica Dom Orione em comemoração ao dia do psicólogo e apresentei minhas concepções sobre a verdadeira causa dos danos à nossa saúde mental.

O nosso cérebro levou milhões de anos para se desenvolver, enquanto a internet surgiu há pouco mais de meio século, o que gera uma enorme discrepância entre a evolução da sociedade e a nossa capacidade de se adaptar a ela.

Além disso, vale ressaltar que o Brasil é o país com o maior número de profissionais da psicologia do mundo, esse dado ganha embasamento ao ser comparado com outro, de acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde – o Brasil também é o país mais ansioso do mundo.

Toda essa ansiedade advém de diversos fatores que a sociedade brasileira produz, mas sobretudo dois:

– A violência e a desigualdade.

Quando você sai de casa com medo, ou acorda assustado à noite com um barulho na rua que pode indicar uma invasão na sua casa, vive com medo de ser assaltado, esses são indícios de como uma sociedade desigual pode envenenar os seus cidadãos. Esses são claros sinais de ansiedade gerada pelo medo da violência.

O Brasil também abriga uma das maiores desigualdade sociais do mundo, o que estimula uma verdadeira batalha pelo sucesso, ou melhor, pelo reconhecimento alheio como forma de minimizar essas distâncias sociais, isso tudo sinaliza outro grave problema da sociedade brasileira, o narcisismo patológico que nos lea a nos comparar o tempo todo, que nos instiga a desejar ser superior do que os outros.

A necessidade de likes, a incansável busca pela ostentação, hoje se diz “lacrar”, superar o recalque, etc., tudo ressalta ainda mais a necessidade de aprovação social para atingir a sua superioridade artificial.

O veneno da nossa sociedade está na superficialidade com que tratamos os problemas sociais.

Todos esses fatores contribuem para gerar uma sociedade estressada, que precisa de válvulas de escape para receber doses de dopamina e sentir um pouco de prazer em meio ao caos.

Essa supeprficialidade nos leva a recorrer a uma solução simples e que cabe na palma das mãos: O celular.

Um simples deslizar de dedos e uma dose de dopamina novinha em folha é liberada, com uma foto postada a cada curtida uma nova sensação de prazer, no entanto, a liberação de dopamina é reduzida a cada vez que você repete determinado estímulo.

Chega a um ponto no qual essa dose não supre a sua necessidade, iniciando assim, uma busca por algo ainda mais exclusivo, impressionante, engraçado ou engrandecedor.

Essa busca eterna, a cada lançamento de um novo modelo de celular, a cada foto ainda mais apelativa na corrida por likes, a cada dancinha ainda mais elaborada e viral no TikTok os padrões são elevados gerando uma necessidade cada vez maior de superá-los, o que estimula ainda mais a ansiedade.

Todo esse processo ocorre há muitos anos, muito antes da pandemia, o isolamento social apenas serviu como potencializador de todos esses problemas que já vinham sendo gerados.

Em resumo, a ansiedade advém da negação da natureza primitiva do homem, em negar que seu equilíbrio está na simplicidade. Em ser de verdade e não de mentira.

Pessoas de alto QI não têm interesse por redes sociais pois sua busca é pelo desenvolvimento interior.

Será que não está na hora de voltarmos ao passado e viver uma vida como vivíamos antes?

Com menos uso de celulares, redes sociais, exercitando o cérebro e não apenas os músculos, cultivando um maior contato com a natureza?

Sempre que me sinto ansioso, me desconecto de tudo e mergulho em mim, esse movimento é o meu antídoto para o veneno dessa sociedade desigual e violênta.

*DA REDAÇÃO RH. Foto de Christopher Ott no Unsplash

Texto de Fabiano de Abreu Rodrigues, PhD, neurocientista, neuropsicólogo, biólogo, historiador, jornalista, psicanalista com pós em antropologia e formação avançada em nutrição clínica. PhD e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências pela EBWU na Flórida e tem o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; Mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; Pós Graduação em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal; Pós Graduação em Neurociência, Neurociência aplicada à aprendizagem, Neurociência em comportamento, neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil; Especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, neuroscience em Harvard nos Estados Unidos; bacharel em Neurociência e Psicologia na EBWU na Flórida e Licenciado em Biologia e também em História pela Faveni do Brasil; Especializações em Inteligência Artificial na IBM e programação em Python na USP; MBA em psicologia positiva na PUC. Membro da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814; Membro da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488; Membro da FENS – Federation of European Neuroscience Societies – PT 30079; Contato: [email protected]

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Fabiano de Abreu Rodrigues é psicanalista clínico, jornalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e personal branding luso-brasileiro. Proprietário da agência de comunicação e mídia social MF Press Global, é também um correspondente e colaborador de várias revistas, sites de notícias e jornais de grande repercussão nacional e internacional. Atualmente detém o prêmio do jornalista que mais criou personagens na história da imprensa brasileira e internacional, reconhecido por grandes nomes do jornalismo em diversos países. Como filósofo criou um novo conceito que chamou de poemas-filosóficos para escolas do governo de Minas Gerais no Brasil. Lançou o livro ‘Viver Pode Não Ser Tão Ruim’ no Brasil, Angola, Espanha e Portugal.