Nos filmes ou nas séries, o momento da morte é sempre algo muito dramático, cheio de revelações e discursos emocionantes.
Contudo, segundo profissionais que acompanham de perto o fim da vida, a realidade é muito diferente — e, surpreendentemente, mais tranquila e cheia de significado.
De acordo com a especialista em cuidados paliativos, a enfermeira Julie McFadden, o processo de morrer costuma ser calmo, sereno e repleto de gestos simples, nos quais as palavras finais revelam muito sobre o que realmente importa na vida.
A serenidade do momento final
Julie conta que muitas pessoas parecem “saber quando vão partir”. Ela já testemunhou pacientes que afirmavam frases como:
- “Eu vou morrer esta noite.”
- “Esperarei pelo casamento da minha filha.”
Em vários desses casos, as previsões se cumpriram de forma exata, mesmo sem sinais clínicos evidentes. Para ela, isso mostra que o corpo e a mente, de alguma forma, entendem e aceitam o momento da despedida.
As 4 frases mais ouvidas antes da morte
De acordo com Julie, há quatro frases que mais são usadas nas horas ou dias que antecedem a partida. Elas não são dramáticas nem teatrais — são palavras simples, mas carregadas de paz e amor.
1. “Obrigado.”
Expressa gratidão — pela vida, pela família, pelos amigos e pelos pequenos momentos que fizeram tudo valer a pena.
2. “Eu perdoo.”
Reflete a libertação de mágoas antigas. Nesse estágio, o perdão se torna um ato de leveza e cura interior.
3. “Por favor, me perdoe.”
É o desejo de reconciliação — um último gesto de arrependimento e humildade diante da própria humanidade.
4. “Adeus.”
Uma despedida serena, dita com consciência, carinho e aceitação do inevitável.
Além dessas frases, muitos pacientes também dizem “Eu te amo” ou chamam por familiares que já faleceram, o que, segundo a enfermeira, parece confortá-los emocionalmente neste momento de transição.
Fenômenos curiosos antes da morte
Julie também observou comportamentos intrigantes que desafiam a lógica médica. Um deles é a regressão linguística — pacientes bilíngues, que viveram décadas falando outro idioma, passam a se comunicar apenas em sua língua materna, inclusive com dialetos esquecidos há anos.
Outro fenômeno é o desejo frequente de “ir para casa”.
Segundo Julie, essa expressão raramente se refere a um local físico, mas sim a um sentimento espiritual de retorno, descanso e pertencimento.
Frases como “Está na hora da minha viagem” ou “Preciso ir para casa” simbolizam esse momento de aceitação e paz.
Os arrependimentos mais comuns
Ao longo de sua carreira, Julie ouviu reflexões profundas sobre a vida e o que realmente tem valor. Entre os arrependimentos mais citados, estão:
- “Trabalhei demais.” — um lamento comum entre homens que se distanciaram da família em nome da carreira.
- “Deveria ter aceitado meu corpo como ele era.” — frequentemente dito por mulheres que passaram anos presas a padrões estéticos.
- “Não valorizei minha saúde.” — uma das frases mais recorrentes, mostrando como pequenas capacidades do dia a dia são, na verdade, grandes bênçãos.
- O que as últimas palavras revelam
Para Julie McFadden e outros especialistas em cuidados paliativos, como a médica britânica Kathryn Mannix, morrer é um processo humano e natural, não um evento abrupto.
Nos últimos instantes, o que se destaca não são segredos revelados, mas emoções puras — amor, perdão e gratidão.
Essas palavras finais mostram que, no fim, a vida se resume a conexões humanas e sentimentos verdadeiros. São gestos simples, mas cheios de significado, que confortam quem parte e também quem fica.
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