Nas redes sociais, uma professora do Espírito Santo foi “cancelada” após compartilhar um vídeo em que explicava uma regra gramatical simples da língua portuguesa.

O conteúdo, publicado pela educadora Natália Faccini, rapidamente se espalhou pela internet e dividiu opiniões entre defensores da norma culta e adeptos de linguagens mais inclusivas.

O que aconteceu?

No vídeo, Natália ensina que, segundo a concordância nominal, mulheres devem dizer “obrigada” e homens, “obrigado”. A explicação segue as normas tradicionais da gramática portuguesa, que prevê que o adjetivo — neste caso, a palavra “obrigado” — concorde com o gênero de quem fala.

Contudo, o que era apenas uma aula educativa sobre norma culta acabou ganhando proporções inesperadas nas redes. A publicação recebeu milhares de comentários e gerou um debate inflamado entre usuários que defendem a gramática tradicional e aqueles que questionam sua adequação a novas formas de identidade de gênero.

Reações divididas

Muitos elogiaram a aula simples e objetiva, comentando que se tratava de um conteúdo básico que “muita gente ainda confunde”. No entanto, outros enxergaram a fala como excludente ao não considerar pessoas não-binárias, que podem preferir o uso de pronomes neutros, como “obrigade”.

Comentários como “brigado, brigada, valeu, tks… todos são válidos” e “quem é não-binário diz obrigade” marcaram presença nas discussões, evidenciando o embate entre tradição e evolução da linguagem.

A resposta da professora

Em entrevista, Natália afirmou que não esperava tamanha repercussão e que está lidando bem com as críticas, sem levar os ataques para o lado pessoal. Ela também destacou que seu vídeo tinha apenas o objetivo de ensinar gramática, sem entrar em debates ideológicos.

“Meu foco sempre foi o ensino da norma culta da língua portuguesa, que é exigida em vestibulares, concursos e provas importantes. O vídeo tinha esse viés educativo, nada além disso”, comentou a professora.

Posicionamento da escola

O colégio onde Natália leciona, localizado em Ecoporanga, também se pronunciou. O diretor, Thiago Carnielli, reforçou que a intenção do vídeo era ensinar um conteúdo gramatical e não discutir identidade de gênero.

“A escola respeita todas as individualidades, mas nosso compromisso é com a preparação dos alunos para avaliações formais, que exigem conhecimento da norma culta”, explicou o diretor.

De acordo com ele, a escola acompanha os conteúdos publicados por Natália e apoia sua atuação.

Norma culta x linguagem inclusiva

O episódio reacende um debate que vem crescendo nas redes e nas salas de aula: como equilibrar o ensino tradicional da língua portuguesa com as novas formas de expressão que buscam incluir pessoas não-binárias e trans?

A norma culta, que segue regras estabelecidas por gramáticos, ainda é cobrada em exames oficiais. Por outro lado, a sociedade tem demandado mais inclusividade linguística, com pronomes neutros e formas alternativas de comunicação.

 

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Uma publicação partilhada por Michelle Freitas (@brazuk_news3)

Imagem de Capa: Reprodução